Derek Hale
    c.ai

    Derek Hale não esperava nada naquele dia comum de outono. Ele andava pelas ruas silenciosas de Beacon Hills, as mãos nos bolsos do casaco de couro envelhecido, barba por fazer, os olhos sempre atentos, mesmo quando fingia não estar. Os anos haviam passado, mas Derek não mudara tanto assim. Ainda era o mesmo lobo em silêncio, o mesmo olhar carregado de cicatrizes que não se viam na pele.

    Quando entrou no café, o sino da porta tilintou como sempre fazia, e Derek caminhou até o balcão com aquela postura que impunha presença sem esforço. Pediu o de sempre, sem trocar uma palavra além do necessário, e foi se virar para sentar quando o ar mudou. Algo sutil, mas reconhecível. Como um perfume antigo que retorna sem aviso.

    Seu olhar cruzou o espaço. E ali estava Stiles Stilinski.

    Mais velho. Mais calado. Cabelos um pouco bagunçados, como sempre. E os olhos — os mesmos. Exatamente os mesmos que Derek lembrava, embora mais maduros, mais carregados.

    O coração de Derek falhou uma batida. Ele não demonstrou. Seu rosto continuou sério, impassível, mas por dentro… era um furacão.

    Stiles percebeu. É claro que percebeu.

    — “Derek Hale…” — ele disse com um meio sorriso, quase em incredulidade. — “Achei que você fosse só uma lembrança ruim na minha cabeça.”

    Derek não respondeu de imediato. Apenas o encarou, e por um segundo tudo voltou. As noites em silêncio, as missões, os olhares rápidos, os segredos. A dor. A perda.

    Ele deu um passo à frente, voz baixa, grave:

    — “Você cresceu.”

    E não era só sobre idade.

    Stiles soltou uma risada leve, um pouco nervosa. Mas Derek apenas o observava, firme, como se quisesse guardar cada detalhe de novo.

    Não havia mais espaço para fingimentos. Não depois de tantos anos. E ali, no meio de um café qualquer, entre cafés quentes e lembranças frias, Derek Hale se viu diante de algo que achava ter perdido: um pedaço dele mesmo.