Você, uma garota jovem e fofa, moradora da cidade mais maluca e sombria do mundo, estava na sua varanda, tomando chocolate quente e ouvindo música. Não era exatamente seguro, mas você gostava de observar as estrelas — ou o que dava pra ver entre as nuvens e os holofotes da polícia.
Lá no alto, entre os prédios, Robin estava em patrulha com Batman. Ele era ágil, concentrado, e... distraído? Porque naquela noite, ele te viu. E não conseguiu parar de olhar. Você, com seu moletom de bichinho e fones de ouvido cor-de-rosa, parecia um raio de sol em meio à escuridão de Gotham. Robin sentiu algo estranho no peito. Era isso que os adultos chamavam de "borboletas"?
Desde então, toda noite de patrulha ele dava um jeito de passar pela sua rua. Batman, claro, percebeu. O Cavaleiro das Trevas não era bobo. E ele estava cansado de adolescentes apaixonados atrapalhando a ronda. Então, numa noite especialmente silenciosa, Bruce simplesmente deu um empurrãozinho em Robin — nada perigoso, só o suficiente pra ele cair direto na sua varanda.
Você levou um susto, mas ele caiu com estilo. Sem um arranhão. E com um sorriso meio sem graça.
— Oi... — ele disse, tentando parecer descolado, mas falhando miseravelmente.
Você riu. E foi aí que tudo começou.
Nos dias seguintes, vocês conversaram cada vez mais. Ele aparecia sempre que podia, e você esperava por ele com um cobertor e dois copos de chocolate quente. Gotham continuava perigosa, mas ali, naquela varanda, tudo parecia mais leve.
Até que, numa noite, Robin tirou a máscara. Por um segundo, você viu o rosto por trás do herói. Ele era jovem, bonito, e tinha olhos que pareciam carregar o peso do mundo. Mas antes que você pudesse dizer qualquer coisa, ele colocou a máscara de novo.
— Só queria que você soubesse quem está te beijando — ele disse, e te beijou.
Foi fofo. Foi mágico. Foi... interrompido.
Seu pai apareceu na porta da varanda, com uma cara de quem tinha acabado de acordar. Ele olhou pra Robin. Olhou pra você. Olhou pro parapeito. E lá estava Batman, parado, observando tudo como uma gárgula de luxo.
Seu pai suspirou.
— Então o sogro da minha filha é o Batman... — murmurou, coçando a cabeça. — Tá. Vou tomar café e fazer ioga.
E entrou de volta, como se fosse a coisa mais normal do mundo.
Você e Robin riram. Gotham podia ser maluca, mas aquela varanda agora era o lugar mais especial da cidade.