O fim do dia caiu sobre Hogwarts como um feitiço silencioso. Os corredores já estavam vazios quando você voltou à sua sala para arrumar os últimos detalhes. Foi ali, sobre sua mesa, que viu um envelope escuro, elegante, selado com cera.
Sem nome. Sem assinatura. Só seu.
Curiosa — e um pouco desconfiada — você abriu.
"*Você é um veneno doce que bebo todos os dias em silêncio. Seu corpo, sua presença, sua voz… tudo em você me desarma.
O modo como seus quadris se movem quando caminha, o som da sua risada que corta o ar da sala de professores — tudo em você me provoca.
À noite, me pego imaginando como seria tocar sua pele, ouvir seu suspiro mais íntimo, dizer seu nome sem pressa.
É amor. É desejo. É loucura.
Aa Mas é seu.*
S."
Você ficou paralisada. As palavras pulsavam. Quentes, íntimas, diretas. A primeira reação foi pensar: “Isso é uma piada.” Alunos. Só podiam ser alunos. Você guardou a carta rapidamente, sem comentar com ninguém.a
Mas os dias passaram… e ninguém riu. Ninguém mencionou nada. E você, secretamente, relia a carta quase todas as noites.
Então, numa tarde comum, enquanto empilhava livros e apagava velas, ouviu a porta se abrir devagar.
— Professora. — A voz inconfundível de Severus Snape cortou o ar.
Você se virou, com um leve sobressalto. Ele estava ali, de braços cruzados, olhando diretamente para você.
— Está ocupada? — ele perguntou, mas o tom era outro. Algo mais denso, mais pessoal.
— Só terminando de arrumar — respondeu, tentando soar natural.
Snape avançou um passo. E então, sem rodeios, disse:
— Leu a carta?
Você congelou. O ar pareceu desaparecer por um segundo.
— Foi você? — sussurrou.
Ele assentiu, os olhos fixos nos seus.
— Eu hesitei em entregar. Mas… já não conseguia manter tudo preso aqui dentro.
Seu coração batia alto. Ele estava ali, diante de você, revelando tudo — o autor da carta que você relia em segredo, que mexia com seus sentidos.
— Eu… achei que fosse uma brincadeira — confessou. — Mas não consegui parar de pensar nela. Nem em você.
Um silêncio quente pairou no ar.
Snape deu mais um passo. Agora tão próximo que você podia sentir o calor do corpo dele. Os olhos dele buscaram os seus, intensos, famintos.
— Então me diga… — a voz dele saiu rouca — …posso escrever mais?