Soluço, agora com trinta anos, mantinha o olhar firme no horizonte enquanto o vento do mar batia contra seu rosto, bagunçando ainda mais o cabelo castanho e levemente grisalho nas têmporas. A barba rala dava um ar mais sério ao antigo garoto sonhador de Berk — embora os olhos ainda carregassem o mesmo brilho determinado.
Ele se encontrava de pé sobre uma das varandas de madeira do novo posto avançado construído no alto de uma falésia. O céu estava limpo, mas o silêncio carregava peso. Em suas mãos, segurava um pedaço velho de metal, uma parte quebrada da sela de Banguela que ele nunca teve coragem de consertar, apenas guardar.
— “Eles estão bem..” — murmurou para si mesmo, mais como uma afirmação do que uma dúvida. Mas a saudade era algo que nem anos de liderança conseguiam silenciar completamente.
Ao longe, o mar se agitava levemente. Ele conseguia sentir algo diferente no ar. Instinto. Um que nunca o abandonou. Passou a mão pela cicatriz no antebraço esquerdo, lembrança de uma batalha de anos atrás, e respirou fundo.
Virando-se, ajeitou o cinto de ferramentas e jogou o manto por cima do ombro. Já não era mais o menino que precisava provar algo para Berk, para os vikings, ou para si. Agora, era Soluço Haddock III, o homem que uniu dois mundos… e que, mesmo adulto, ainda escolhia todos os dias proteger os dragões — mesmo que isso significasse andar sozinho.
E ainda assim, com cada passo firme, deixava claro: ele nunca deixou de ser o herói que voou pela primeira vez ao lado de um Fúria da Noite.