O espelho do celeiro refletia um rosto que não era dele. Ou era?
Ele estudava a própria imagem com atenção — o corte de cabelo perfeitamente desalinhado, o azul nos olhos tão convincente quanto as memórias que não lhe pertenciam. O corpo era de Clark Kent. Mas a alma, se ainda existia alguma coisa ali, era puro vazio.
O Phantom sorriu.
Um sorriso contido, tenso. — “Convincente o bastante para ela. Precisa ser.”
Ele desceu do loft com passos lentos, quase… estudados. Não havia pressa. A pressa era humana. A precisão, não.
Na cidade, ele caminhava entre os rostos com olhos afiados, como uma fera num pasto adormecido. Mas só uma coisa lhe interessava: Lois Lane.
Ela sabia demais. Sentia demais. Era a única que olhava para “Clark” e via algo fora do lugar. Por isso, ele precisava encontrá-la antes que as perguntas virassem certezas.
No Planet, não estava. No Talon, vazia. Mas na rua… ali.
Lois caminhava distraída, pastando papéis em uma pasta, sem saber que a sombra que se aproximava não era do fazendeiro que amava — mas de algo forjado da dor, da raiva e da prisão.
— “Lois!” — ele chamou.
Ela virou, confusa por um segundo. Depois, sorriu.
— “Smallville… onde você estava?”
Ele deu um passo à frente. O olhar fixo nela. O tom de voz… perfeitamente suave. — “Pensando em você.”
Ela hesitou. Só por um instante. Porque alguma coisa ali não se encaixava. Mas ele segurou sua mão. A mesma mão que Clark costumava segurar com doçura.
Só que a dele era fria. Controlada demais.
— “Tem tanta coisa que quero te dizer,” ele sussurrou, os olhos escurecendo só por um instante, rápido demais para que ela visse.
Lois sorriu, mas desconfiava. E o Phantom também. Porque ele percebia — ela ainda podia desmascará-lo. E se isso acontecesse… ele não teria escolha a não ser silenciar Lois Lane.
Mas até lá… ele seria Clark Kent. Pelo tempo que fosse necessário.