O mar se estendia até onde a vista alcançava, um vasto manto de azul que refletia os tons dourados e rosados do entardecer. Jason mantinha as mãos firmes no leme da embarcação, sentindo a madeira áspera sob seus dedos calejados. O vento batia contra seu rosto, frio o bastante para arrepiar a pele, mas não o suficiente para afastar a tensão que se acumulava em seu peito. Cada onda que balançava o barco parecia trazer de volta memórias — algumas doces, outras que ainda doíam como feridas mal cicatrizadas.
Ele se lembrava do último momento antes do fim. O golpe. A queda. A ausência. E agora… estava aqui. Vivo. Uma segunda chance, por algum motivo que ainda não compreendia. O peso desse mistério o acompanhava como uma sombra.
Ao longe, as colinas começaram a se revelar, verdes e familiares, com a silhueta da pinha solitária que marcava a entrada do Acampamento Meio-Sangue. Jason sentiu o coração acelerar — não de excitação, mas de um misto de ansiedade e incerteza. Quem estaria lá para recebê-lo? Como reagiriam? Será que Piper…? Ele fechou os olhos por um instante, afastando a imagem dela, porque não sabia se suportaria a resposta.
O som das velas estalando ao vento o trouxe de volta à realidade. Ajustou o leme, guiando a embarcação com precisão. O sol, agora baixo no horizonte, lançava um brilho dourado sobre sua lança encostada ao lado, e ele passou a mão sobre o metal polido, sentindo um arrepio que não tinha nada a ver com o frio. Aquela arma tinha sido sua aliada em vida… e seria novamente, se fosse necessário.
Respirou fundo. A cada metro que se aproximava da costa, o mar parecia mais silencioso, como se o mundo prendesse a respiração junto com ele. Finalmente, deixou escapar um murmúrio quase inaudível, um juramento para si mesmo, para os deuses, para quem quisesse ouvir:
— “Estou voltando pra casa… e não vou perder de novo o que é meu.”
O barco avançava, cortando as ondas com firmeza. No céu, as primeiras estrelas surgiam, testemunhas silenciosas de que Jason Grace, contra todas as probabilidades, estava prestes a pisar novamente no lugar onde sua história havia começado.