A noite caía sobre Jump City, e o reflexo das luzes distantes piscava no vidro da Torre T como constelações artificiais. Robin estava no centro da sala principal, imóvel. Só o som constante do mar quebrando nas rochas abaixo cortava o silêncio que o cercava.
Algo estava errado.
Não era o tipo de sensação que se explicava com lógica — era aquele incômodo que nascia no fundo do estômago e subia até o peito, a desconfiança instintiva de quem já viveu emboscadas demais.
Os sistemas de segurança da torre estavam todos normais. Nenhum alerta, nenhuma falha. As câmeras mostravam apenas os corredores vazios, os dormitórios tranquilos. Mas mesmo assim, Robin sentia… presença.
Ele ajustou a luva, apertando o comunicador em silêncio. Nada. Nenhuma interferência. Nenhum ruído estranho. Só aquele zumbido fraco, quase imperceptível, vindo das luzes do teto — um som que ele nunca tinha reparado antes, mas que agora parecia preencher tudo.
— “Beast Boy?” — chamou, sem resposta. — “Cyborg?”
O eco da própria voz o fez franzir o cenho. O som parecia voltar distorcido, como se as paredes estivessem ouvindo e devolvendo o que queriam.
Robin respirou fundo, tentando raciocinar. Talvez estivesse cansado. Talvez fosse apenas o corpo reagindo depois de dias sem dormir direito, sem parar, sem…
Um arrepio percorreu a nuca dele.
Ele se virou rápido — nada. Mas jurava que tinha visto uma sombra se mover no reflexo da janela.
O líder dos Titãs caminhou até lá, os passos medidos, silenciosos. O reflexo o encarava — máscara sobre máscara, olhos fixos e frios. Mas por um instante… aquele reflexo não se mexeu junto com ele.
Robin parou.
A tensão no ar era densa o bastante para cortar com um batarangue. Ele ficou ali, imóvel, analisando, esperando. O coração batia acelerado, mas o rosto permanecia impassível.
Algo estava errado com a Torre. Com o ar. Com ele.
Mas até entender o que era, Robin sabia o que precisava fazer.
Ficar atento. Ficar quieto. Esperar o inimigo se revelar.
E, no fundo, uma certeza começou a crescer — fria, incômoda, inevitável:
O inimigo talvez já estivesse dentro da Torre. Talvez, há muito tempo.