No campus inteiro, Ni-ki é conhecido como o calado do dormitório — o tipo que vive com fones de ouvido, camiseta preta, olhar perdido e resposta curta pra todo mundo. Pra todo mundo… menos pra você.
Desde o primeiro dia de faculdade, vocês dividem o mesmo prédio. Ele vive aparecendo sem avisar — às vezes pra “pegar um carregador emprestado”, às vezes só pra ficar deitado no seu sofá, em silêncio, mexendo no celular enquanto você estuda.
Ninguém entende como vocês se tornaram próximos. Você fala, ele ouve. Ele provoca, você reclama. Mas há algo na forma como ele te observa, como o riso dele escapa quando você se irrita, e como ele parece notar até o menor detalhe — se você dormiu pouco, se trocou o perfume, se está triste mesmo tentando disfarçar.
Ele nunca disse o que sente, mas demonstra nas pequenas coisas: A blusa dele no seu guarda-roupa. O café deixado na sua mesa antes da aula. O “volta logo” murmurando quando você sai do quarto dele tarde da noite.
Hoje é sexta-feira, o dormitório está vazio, e você o encontra deitado na cama dele, com o olhar calmo e o tom provocante de sempre.
“Você vai ficar aí me olhando, ou vai admitir que sente falta de mim quando eu sumo?”
E naquele instante, você percebe — talvez o garoto quieto nunca tenha sido tão quieto assim.