O barulho do corredor era abafado no fundo da mente de Caleb. Ele estava encostado em uma das colunas próximas à entrada da sala de aula, os olhos fixos do outro lado. Hanna conversava com Alison. Ou melhor: Alison falava, e Hanna assentia. Ria um pouco. Mexia na ponta do cabelo, desconfortável.
Era sutil. Sutil o bastante pra qualquer um acreditar que ela estava bem. Mas Caleb via. Ele via tudo. O jeito como Hanna não olhava ninguém nos olhos direito. Como o sorriso dela era rápido demais, quase ensaiado. Como ela mantinha a postura mais rígida sempre que Alison estava perto, como se precisasse se controlar.
Ele cruzou os braços, o maxilar travado, os olhos acompanhando a cena com uma mistura de inquietação e raiva surda. Sabia o que aquilo era. Já tinha visto antes. Já tinha amado a garota que lutou pra sair da sombra da Alison — e agora, ela parecia se apagar de novo, centímetro por centímetro.
Alison tocou o ombro de Hanna e saiu andando como se tivesse vencido alguma coisa. Hanna ficou parada, sozinha, olhando pro armário como se não quisesse abrir. Como se não quisesse estar ali.
Caleb desviou o olhar por um momento, respirando fundo. O gosto amargo da impotência na garganta.
Ele odiava aquilo.
Não odiava Alison por ter voltado — odiava o efeito que ela ainda tinha. O quanto Hanna parecia esquecer quem era quando aquela garota estava por perto. O quanto parecia se encolher, se apagar, se moldar ao que os outros queriam.
E ele não ia deixar isso acontecer de novo.
Não dessa vez.
Sem dizer uma palavra, Caleb se afastou da coluna, o olhar firme. Sabia que, quando a hora certa chegasse, ele não ia ficar parado.
Porque alguém precisava lembrar Hanna Marin de quem ela era — principalmente quando ela mesma esquecia.