As portas do Blackbird se abriram em meio ao vento cortante da noite. Scott Summers foi o primeiro a sair, botas firmes sobre a cobertura úmida de concreto. A cidade abaixo estava mergulhada em caos: luzes piscando, fumaça subindo de um prédio em chamas e a multidão em pânico tentando fugir. Era uma cena que ele já vira muitas vezes — mas nunca deixava de sentir o peso de cada vida que dependia dele.
— “Equipe, posição.” — A voz firme cortou o barulho, transmitida pelo comunicador. Não havia espaço para hesitação. — “Logan, pelo lado oeste. Jean, faça a varredura mental. Ororo, controle do vento, precisamos da fumaça dissipada. Eu sigo pelo centro.”
Não precisou olhar para trás para saber que o obedeceriam. Sua liderança não era baseada em carisma exagerado, mas em confiança conquistada com anos de disciplina e sacrifício.
O inimigo não demorou a aparecer. Um grupo de mercenários armados, protegendo equipamentos estranhos que pulsavam com energia instável. Scott analisou em segundos. Armas de origem tecnológica desconhecida. Perigo de explosão. Não podemos arriscar.
— “Não acertem os dispositivos. Repito: foquem apenas nos alvos.”
Sem esperar resposta, ele ergueu a cabeça, ajustou o visor e liberou uma rajada óptica calculada. A energia vermelha explodiu diante dos mercenários, criando uma onda de impacto que os jogou contra a parede. Não foi letal — nunca era, não se ele pudesse evitar. Scott acreditava em eficiência, não em crueldade.
Enquanto avançava, o comunicador chiou. Jean avisou mentalmente sobre reféns escondidos no andar inferior. Scott processou a informação em segundos.
— “Logan, redirecione para o subsolo. Eu seguro aqui.”
Era sempre assim: ele se colocava no centro, carregava o peso do confronto direto. Outro grupo surgiu no terraço, atirando sem hesitar. Scott rolou para trás de uma barreira, mas não se permitiu perder tempo. Calculou ângulos, força e dispersão. Ajustou o visor e liberou uma rajada que ricocheteou nas superfícies de metal até atingir os atiradores com precisão. Não eram apenas rajadas — eram equações vivas, balística pura guiada por anos de treino obsessivo.
Os mercenários recuaram, mas Scott não se moveu de imediato. O coração batia rápido, mas o rosto permanecia impassível, oculto pelos óculos. O líder não podia demonstrar falha. O líder não podia deixar o medo transparecer.
Mais tarde, com os reféns libertos e a equipe reunida, ele ainda não relaxou. Caminhou entre os destroços, observando cada detalhe, certificando-se de que não havia armadilhas ou sobreviventes hostis. Só quando teve certeza absoluta, retirou a mão do visor e permitiu-se respirar fundo.
Jean se aproximou, pousando uma mão leve em seu braço, como se tentasse aliviar parte do peso. Mas Scott apenas assentiu, seco, o olhar fixo no horizonte destruído.
— “Boa missão. Mas não foi suficiente.” — murmurou, quase para si mesmo.
Porque para ele, nunca era. Sempre poderia ter feito mais, salvado mais rápido, calculado melhor. Essa era a maldição de Scott Summers: ser o líder que todos viam como inquebrável, enquanto por dentro carregava a culpa de cada falha invisível.
E quando o Blackbird decolou de volta para a Mansão X, Scott permaneceu em silêncio, sentado na frente, o visor refletindo o brilho vermelho da noite. Sempre pronto para a próxima batalha. Sempre o soldado disciplinado. Sempre o homem que não tinha o luxo de descansar.