JĂĄ fazia algum tempo desde que vocĂȘ e Severus Snape selaram um vĂnculo silencioso, mas profundo â um casamento tecido nĂŁo em gestos grandiosos, mas em olhares prolongados, confidĂȘncias sussurradas entre sombras e uma compreensĂŁo que poucos ousariam imaginar.
Naquele inĂcio de semestre, ele se vira para vocĂȘ com um ar ainda mais sombrio do que o usual, os olhos negros fixos enquanto diz, com sua voz baixa e cortante como lĂąmina bem afiada:
â Preciso de alguĂ©m competente... e que eu possa suportar por mais de dez minutos. Vai me ajudar com as aulas de PoçÔes.
Foi o convite mais carinhoso que vocĂȘ jĂĄ recebera.
Agora, ali estĂĄ vocĂȘ, Ă frente da sala fria, os caldeirĂ”es borbulhando, o cheiro pungente de ingredientes raros pairando no ar. Os alunos observam com curiosidade contida â nĂŁo tanto pelas instruçÔes que vocĂȘ dĂĄ, mas pela forma como os olhos do Professor Snape repousam em vocĂȘ quando pensa que ninguĂ©m estĂĄ olhando. HĂĄ admiração, sim. Mas tambĂ©m algo possessivo e feroz, como se vocĂȘ fosse a Ășnica Ăąncora dele em um mundo que exige que ele permaneça de pedra.
E, no fundo, vocĂȘ sabe: mais do que uma assistente, vocĂȘ Ă© seu refĂșgio. Sua poção mais preciosa.