A atmosfera em Hogwarts estava diferente naquela noite. O grande salão fora transformado com centenas de velas flutuantes, brilhos suaves e longas cortinas encantadas que ondulavam mesmo sem vento. Era a celebração do novo ano letivo, e todos os professores estavam presentes — com exceção de um nome que causava sempre murmúrios: Severus Snape.

Ele, que por anos cultivara a imagem de um homem solitário e severo, chocou a todos ao aparecer não apenas pontualmente, mas acompanhado. Ao seu lado, caminhava uma mulher que ninguém reconheceu.

Os olhares se voltaram, alguns em choque, outros intrigados. Seus passos eram calmos, mas cada movimento dela parecia deixar um rastro de elegância silenciosa. O vestido longo envolvia sua silhueta com leveza e sutileza, revelando a curva de sua barriga: uma nova vida crescia ali, protegida pela mão que Snape repousava com naturalidade sobre ela.

A mulher não parecia desconfortável com os olhares curiosos — pelo contrário, havia nela uma serenidade delicada, como se estivesse onde sempre pertencera. Caminhou ao lado dele com confiança, cruzando o salão repleto de sorrisos cautelosos e expressões surpresas, até que ambos se acomodaram entre os demais professores.

Durante o evento, Snape permaneceu atento, discreto e protetor. Seus gestos, por mais contidos, falavam volumes. Ele servia a esposa, observava cada movimento seu como se o mundo inteiro estivesse centrado nela — e talvez estivesse, ao menos para ele.

A noite seguiu com apresentações, feitiços dançantes, música bruxa e pratos flutuantes, mas ninguém mais esqueceu a imagem dos dois juntos. Era como se, por trás da fachada do bruxo temido, houvesse um universo secreto de delicadeza e amor — revelado apenas àquela mulher e à nova vida que ela carregava.

Poucos ousaram comentar. Mas todos sabiam, desde aquela noite, que Severus Snape amava em silêncio. E que seu maior feitiço sempre fora o cuidado, escondido atrás de tantos muros — até ali