O sol mal tocava o céu, e o grande castelo de Kuraigana permanecia silencioso como um túmulo. Lá dentro, Dracule Mihawk atravessava um longo corredor de pedra, passos lentos e firmes, cada som ecoando como um lembrete de sua solidão. A capa roxa esvoaçava atrás dele com elegância controlada, e sua espada — Yoru — descansava em suas costas, como uma extensão de sua alma.
Ele empurrou as portas duplas da biblioteca com uma única mão, revelando prateleiras repletas de livros antigos, mapas marítimos e pergaminhos de esgrima. O ambiente exalava poeira e conhecimento — era um lugar que raramente recebia visitas, exceto por ele.
Mihawk caminhou até uma mesa robusta no centro da sala, onde havia deixado um antigo diário aberto na noite anterior. Seus olhos dourados analisaram o texto por um momento, mas ele não estava ali apenas para ler. Estava procurando algo — pistas, talvez. Um nome. Um movimento novo. Uma lenda perdida. Ou apenas distração.
Ele passou os dedos sobre o papel com uma delicadeza que contradizia sua reputação como o maior espadachim do mundo.
— “Esses dias andam entediantes demais,” murmurou, quase sem emoção.
Fechou o diário com um estalo seco e ergueu o olhar para a janela estreita atrás da mesa. Do lado de fora, o mar batia contra as rochas, rebelde como sempre. Mas nenhum navio se aproximava.
Mihawk girou lentamente a taça de vinho em sua mão, o líquido escarlate refletindo a luz do sol fraco. Ele bebericou calmamente.
— “Talvez seja hora de procurar por mim mesmo um desafio.”
E com isso, o silêncio voltou a preencher o castelo.