Jason Todd
    c.ai

    Jason parou diante da porta, a respiração curta, o peso do capacete ainda nas mãos. Não havia som algum vindo de dentro — nenhum ruído, nenhuma voz, nada. Só aquele tipo de silêncio que doía mais do que qualquer grito. Ele encostou a testa na madeira por um instante, os olhos fechados, tentando reunir coragem pra entrar.

    O corredor cheirava a chuva e arrependimento. Gotham parecia mais distante do que nunca.

    Jason girou a maçaneta devagar e entrou. O ar ali dentro era pesado, parado. O tipo de atmosfera que deixava o peito apertado antes mesmo de entender o motivo. Ele deixou o capacete sobre a mesa, as luvas logo depois, e caminhou com passos lentos, o som das botas se misturando ao tilintar baixo de algo metálico — um vento batendo em alguma corrente solta, talvez.

    Ele parou no meio da sala, respirou fundo e passou a mão pelos cabelos, sem saber o que fazer. O que se diz num momento desses? — ele pensou, e a resposta veio: nada.

    Porque nada que dissesse apagaria o que aconteceu. Nada que fizesse traria Lian de volta.

    Jason olhou em volta, as sombras desenhando lembranças demais nas paredes. De repente, tudo parecia frágil — como se o mundo inteiro pudesse se despedaçar com um único passo errado.

    Ele sentou-se no chão, encostando as costas na parede, e ficou ali. Sem palavras, sem disfarce. Só presença.

    Os olhos dele estavam vermelhos, mas não de chorar — Jason já tinha gastado esse tipo de dor há muito tempo. Era cansaço. Era raiva. Era a vontade impotente de proteger alguém quando já era tarde demais.

    Por fim, murmurou baixo, quase pra si mesmo:

    — “Eu tô aqui, parceiro.”

    E ficou. Porque às vezes, ficar era o máximo que ele podia fazer — e, de algum modo, o bastante.