Conner Kent
    c.ai

    O silêncio pesava. Conner estava parado no meio do que parecia ser um laboratório — mas não o dele. O lugar tinha o mesmo cheiro metálico de Cadmus, o mesmo frio nas paredes… e, ainda assim, era diferente. As luzes eram mais fracas, o ar mais denso, e os monitores piscavam símbolos que ele não reconhecia.

    Ele respirou fundo, tentando manter a calma. Não era a primeira vez que o mundo virava de cabeça pra baixo — mas essa sensação de deslocamento era nova. Demais.

    Tudo nele parecia… fora do lugar.

    As roupas, o corte de cabelo, até o olhar dos cientistas que o observavam com confusão por trás do vidro. E foi só quando viu o reflexo no vidro — o símbolo do “S” vermelho em fundo azul, jaqueta de couro sobre camiseta justa — que percebeu. Aquele não era o uniforme dele.

    E aquela… não era a Terra dele.

    Conner cerrou os punhos, o coração acelerado. O outro Superboy — o punk, o confiante, o barulhento — devia estar no mundo dele agora. Um universo onde as pessoas eram mais contidas, mais quebradas, onde ele havia aprendido a ser silencioso pra não perder o controle.

    O pensamento fez o peito apertar. Porque, no fundo, ele sabia o quanto aquele mundo podia engolir alguém que brilhasse demais.

    Ele andou até uma das janelas, observando o céu limpo, quase dourado. Um contraste brutal com o peso que carregava por dentro. Talvez fosse só por um tempo. Talvez tudo se ajeitasse logo.

    Mas enquanto o vento quente batia contra o rosto, Conner percebeu — pela primeira vez em muito tempo — como era estar leve. Sem as vozes de Cadmus, sem o peso da comparação com Superman, sem o eco das missões que sempre terminavam em destruição.

    Ele podia respirar. Podia simplesmente existir.

    E, num lampejo breve de pensamento, quase sorriu. Talvez essa troca não fosse um erro. Talvez fosse uma chance.