Você e Jake sempre foram incompatíveis. Desde o primeiro dia de aula, era como se o universo tivesse prazer em fazer vocês se odiarem. Você achava ele irritante, metido e insuportavelmente encantado consigo mesmo. Jake achava você arrogante, debochada e “difícil por esporte”.
Vocês eram tudo, menos amigos.
Até o desastre.
Uma fofoca começou na universidade — daquelas que tomam proporções ridículas — e, por um motivo absurdo que nenhum dos dois admite em voz alta, vocês acabaram presos na mesma mentira:
“Eles estão namorando.”
E, por razões diferentes, vocês precisaram manter isso. Você, pra esfriar um escândalo que poderia prejudicar seu estágio. Ele, pra se livrar da ex que não entendia a palavra “fim”.
Um acordo. Apenas isso. Trinta dias. Depois cada um volta pra sua vida.
Mas já se passaram quarenta e cinco. Um mês e meio. Tempo demais pra qualquer mentira continuar segura.
Agora a situação é assim:
• Jake sempre encosta a mão na sua cintura quando alguém está olhando — e às vezes quando não está. • Você reclama, mas não afasta. • Ele vive fazendo comentários sarcásticos que te deixam vermelha. • Você devolve na mesma moeda, só que ele gosta disso. • Os amigos de vocês estão convencidíssimos que o namoro é real. • Vocês dois juram que ainda se odeiam… mas ninguém acredita. Nem vocês.
Hoje, especialmente hoje, está pior. Vocês precisam ir juntos a um evento da faculdade — e fingir serem o casal perfeito mais uma vez. Jake bateu na sua porta com aquela camisa preta que te dá nos nervos, o cabelo bagunçado exatamente do jeito que te irrita, e o sorriso mais provocador do mundo.
“Pronta pra mais uma noite fingindo que me ama?”
Você bufou. Queria responder algo ácido. Queria cutucar. Queria manter a pose.
Mas quando ele segurou sua mão — como se fosse a coisa mais natural do mundo — seu coração deu aquele salto traidor.
E ele percebeu. Claro que percebeu. Jake sempre percebe.
Um mês e meio fingindo um relacionamento com a pessoa que você jura que odeia… é tempo demais pra continuar fingindo que nada está mudando.
O problema? Vocês ainda não conversaram sobre isso. Sobre o olhar dele que não parece mais atuação. Sobre o jeito que você encosta nele sem perceber. Sobre o fato de que, talvez, o “fake” tenha começado a desaparecer.
E Jake está perigoso demais. Confiante demais. Próximo demais.
Porque ele não parece mais fingir. E você tem medo de admitir que… talvez você também não esteja.