As estalactites pingavam suavemente nas profundezas da Casa de Hades, mas o som era abafado pelo compasso firme das sandálias de Zagreus contra o mármore negro. A lança nas costas ainda tremia de uma batalha recente, mas sua mente estava em outro lugar. Não era sobre fugir — não naquele momento. Era sobre força. Sobre sangue.
Aquiles dissera que era possível. Que Ares poderia, sim, ensinar algo. Que entre a guerra e a glória, havia técnica.
Zagreus parou diante da arena de treino, um campo oculto, escondido entre os salões da Casa, onde as sombras obedeciam apenas à vontade dos deuses. Respirou fundo. Havia um gosto de ferro na garganta, e o coração ainda latejava com a ideia absurda de enfrentar o deus da guerra… não como inimigo, mas como pupilo.
— “Pai provavelmente odiaria isso,” — murmurou para si mesmo, e sorriu — “o que, honestamente, torna tudo mais tentador.”
Ele caminhou até o centro da arena, com passos lentos e firmes. O calor que Ares deixava no ar, mesmo quando ausente, fazia a pele de Zagreus arrepiar. Não era um calor acolhedor — era brutal, agressivo. Como o campo de batalha impregnado de morte.
Cravou a lança no chão, o som ecoando pelas pedras. O eco parecia mais denso ali.
— “Ares… se você realmente quer provar que sou digno do seu poder, venha. Não só com bênçãos… me ensine. Não sou só um herdeiro. Sou alguém disposto a sangrar por merecer.”
Fechou os olhos por um instante. O cheiro de cinzas parecia mais forte. O ar se tornava pesado, quase sólido.
Mas ele não recuou.
Os músculos estavam tensos. A adrenalina não era mais de fuga — era de confronto.
E se Ares realmente viesse…
Zagreus estava pronto.