A rua estava silenciosa depois do golpe — como ele gostava. Nada de explosões desnecessárias. Nada de gritaria ou caos desordenado. Só o som dos próprios passos ecoando no beco enquanto a névoa fria da arma criogênica se dissipava no ar.
Snart parou, encostou-se na parede de tijolos úmidos, o casaco pesado caindo pelos ombros como um manto de um rei decadente. Retirou os óculos de proteção devagar, os olhos fixos no céu encoberto.
— “Dizem que o crime não compensa…” — murmurou, quase com um sorriso. — “Mas eles nunca souberam fazer direito.”
Enfiou a mão no bolso, pegou a pequena peça metálica que havia roubado — um chip de dados do tamanho de uma unha, mas capaz de derrubar a fortuna de três empresas em meia hora. Ele girou o objeto entre os dedos com a paciência de quem sabia que o tempo estava sempre do lado dele… até que deixasse de estar.
Algo vibrava no fundo do peito — não culpa, não dúvida. Mas talvez, só talvez, um leve desconforto. Porque havia ficado fácil demais. Porque ninguém o enfrentava como antes. Nem Barry.
Ele olhou para a noite, como se esperasse que o velocista vermelho surgisse dali a qualquer instante. Mas o escuro respondeu com silêncio.
— “Tá ficando chato, Scarlet.”
Snart recolocou os óculos, puxou o capuz sobre a cabeça e desapareceu pelo beco, o frio ficando para trás como uma assinatura pessoal. Ele não precisava de plateia, nem de aplausos.
Era só mais um dia de trabalho.
E ele ainda era o melhor no que fazia.