Husk
    c.ai

    As batidas da música ecoavam fundo nos ouvidos de Husk enquanto ele empurrava a porta lateral da boate com força. O cheiro de bebida forte, perfume enjoativo e fumaça artificial o atingiu como um soco. Ele franziu o cenho e seguiu em frente, com a aba do chapéu cobrindo os olhos e as asas encolhidas junto ao corpo.

    Ele odiava aquele lugar — não apenas por lembrar o pior de Angel, mas por trazer à tona os próprios vícios que tentava ignorar. Cada garrafa na prateleira era uma provocação, cada risada espalhada era o som de algo prestes a desmoronar.

    Seus olhos vasculharam a multidão, até acharem Cherri. Ela estava perto do bar, rindo de algo que um dos seguranças dissera. Angel não estava com ela.

    Husk se aproximou devagar, o olhar duro, a voz baixa: — “Onde ele tá?”

    Cherri sorriu de lado, sem se virar. — “Relaxa, velho. Ele só foi respirar um pouco. Não tá usando nada, se é isso que quer saber.”

    — “Não confio nesse lugar. Nem em você.” — rosnou ele, as garras começando a apertar o balcão de madeira velha.

    Ele saiu antes que ela respondesse, o coração disparado. Cada segundo ali era um risco. Angel era mais do que um vício em recuperação. Era alguém que ele, contra todas as expectativas, queria ver bem.

    E Husk não ia deixá-lo se perder de novo.