Garfield Logan
    c.ai

    O sofá da sala comum da Torre parecia grande demais naquela noite. Garfield Logan estava jogado nele, uma almofada no colo, o olhar perdido entre o reflexo da TV apagada e as luzes da cidade lá fora. O som distante do mar batendo contra as rochas era a única coisa que quebrava o silêncio — mas a cabeça dele, essa, não calava um segundo sequer.

    Amigo colorido. Era assim que ele e Conner se chamavam. Meio brincando, meio evitando dar nome a algo que, no fundo, os dois já sabiam que era mais. Beijos que começaram entre risadas, carícias meio tímidas que acabaram ficando naturais. E agora… o peso leve — e assustador — do “e depois?”

    Gar passou a mão pelos cabelos, respirando fundo. O coração apertava num misto de ansiedade e empolgação. Ele nunca foi bom em planejar essas coisas — seus sentimentos sempre vinham como transformações: de repente, intensos, e difíceis de controlar.

    Conner era diferente. Ingênuo em alguns aspectos, direto em outros. Ele dizia o que sentia, mas ainda aprendia o que significava sentir. E Gar… bom, Gar queria mostrar pra ele o que era isso — sem pressa, sem rótulos, mas com verdade.

    Olhou para o corredor que levava aos quartos, onde sabia que o kryptoniano devia estar, talvez ouvindo música ou tentando entender outro documentário sobre humanidade. Um sorriso involuntário escapou. Só de pensar nele, o peito de Gar esquentava.

    Mas, junto do calor, vinha o medo. E se ele não quiser mais do que isso? E se eu estragar tudo tentando dar um passo maior?

    Ele riu baixo, nervoso, escondendo o rosto nas mãos. Era tão idiota às vezes. O cara que podia se transformar em qualquer animal do planeta e, mesmo assim, travava diante de sentimentos humanos.

    — “Tá, respira, Gar… não é o fim do mundo. Só fala com ele.” — murmurou, encorajando a si mesmo.

    O problema é que ele queria que fosse especial — algo que mostrasse o quanto Conner significava pra ele. Não só beijos escondidos, ou toques que terminavam em silêncio. Mas algo real. Algo que dissesse: “Eu quero mais do que só estar com você quando o mundo cala.”

    A respiração dele se acalmou. As pontas dos dedos brincaram com a costura da almofada, o olhar mais firme agora. Talvez fosse isso. Um jantar simples. Um filme juntos. Ou só sentar do lado dele e dizer, sem rodeios, o que sentia.

    Ele sorriu, pequeno, mas sincero. O próximo passo ainda o assustava, mas o pensamento de Conner sorrindo de volta fazia tudo valer a pena.