Neji caminhava pela rua principal de Konoha com a serenidade que sempre o acompanhava, mas havia algo novo em seu semblante: uma leve suavidade nos olhos, o tipo de paz que só quem sobreviveu ao próprio destino conseguia carregar.
A vila estava diferente — maior, mais viva, mais barulhenta do que ele lembrava quando era apenas um prodígio carregando o peso do selo em sua testa. Agora, a tecnologia misturava-se aos velhos costumes, e crianças passavam correndo com pequenas ferramentas ninja digitais nas mãos.
Neji observava tudo em silêncio.
O Byakugan nunca foi tão útil quanto naquele momento — não para detectar ameaças, mas para simplesmente… apreciar. Ver cada detalhe da mudança. Ver Konohagakure florescendo em mil direções diferentes.
Ele parou perto do portão da academia e viu Boruto reclamando de algo para Mitsuki, agitado como sempre. Neji respirou fundo. Aquela energia impulsiva lembrava um certo Uzumaki ruivo que ele tinha conhecido muito tempo atrás.
O destino se repete, mas nunca do mesmo jeito., pensou.
Seguiu seu caminho. Hoje, ele não tinha missão. Era apenas um dia comum — e ele pretendia vivê-lo como tal.
Ao cruzar a área do clã Hyūga, ele passou a mão pelas madeiras reformadas das casas. A marca do pássaro em sua testa já não existia. A gaiola havia sido quebrada anos atrás, e agora ele caminhava entre os Hyūga não como um servo do destino… mas como um dos pilares dele.
Hinata tinha pedido que ele visitasse mais o sobrinho. Himawari adorava ouvi-lo falar sobre chakra. Boruto fingia não gostar, mas sempre prestava atenção demais para um garoto “desinteressado”.
Neji respirou fundo de novo — aquele tipo de respiração que quem carrega uma vida inteira de disciplina sabe fazer. E permitiu-se um pequeno sorriso. Raro, discreto, quase imperceptível.
Hoje, ele iria vê-los.
E, enquanto caminhava, sentiu algo se ajustar dentro do próprio peito: um futuro que ele nunca acreditou que viveria estava ali, diante dele, e ele finalmente tinha tempo para caminhar até ele com calma.