Sasuke uchiha
    c.ai

    Sasuke acordou com a luz branca demais do quarto, aquela claridade estéril que parecia atravessar as pálpebras e irritar a alma. O hospital ainda tinha aquele cheiro de desinfetante que grudava no ar — e ele já estava começando a odiá-lo.

    Virou o rosto para o lado, devagar, sentindo uma fisgada na costela. Estava tudo silencioso. Nenhum médico rondando, nenhum ninja entrando para entregar relatórios. Só ele… e a pulsação lenta do monitor.

    Instintivamente, tentou levantar a mão esquerda para coçar a têmpora.

    Nada aconteceu.

    A ausência veio como um golpe seco, tão brutal quanto qualquer ferida. Um vazio. Um peso fantasma que ele não conseguia ver, mas sentia — como se o braço ainda estivesse lá, apenas dormindo. A mente sabia que não. O corpo não aceitava.

    Sasuke inspirou fundo. Segurou o ar por alguns segundos. Soltou devagar.

    Repetiu.

    De novo.

    Até conseguir controlar o tremor leve que ameaçava subir pelo ombro.

    Tentou se mover na cama. Usou a mão direita para apoiar o tronco e sentou, o movimento rígido, desconfortável, como se tivesse que reaprender cada detalhe de equilíbrio. A manga vazia do roupão tombou para o lado, caída, morta. Ele ficou encarando aquilo por longos segundos — aquela sobra de tecido que não acompanhava o movimento.

    “Ridículo”, pensou. Mas não conseguia parar de olhar.

    A raiva veio primeiro, quente, familiar — mas logo se dissolveu em algo mais pesado, mais difícil de nomear. Não era arrependimento. Não era tristeza. Era… o reconhecimento. Do que tinha feito. Do que tinha perdido. De quem tinha sido.

    E de quem precisava ser agora.

    Sasuke levantou a mão direita devagar, fechando os dedos num punho firme. Aquela ele ainda tinha. Aquela bastava.

    Ele respirou fundo outra vez e empurrou o corpo para a beirada da cama. Cada movimento exigia foco — se apoiar, equilibrar, ajustar. Mas ele fazia. Devagar, mas fazia.

    Porque viver com um braço era diferente. Mas não impossível.

    Ele tinha convivido com dores maiores. Com ausências mais profundas.

    E, sozinho naquele quarto silencioso, Sasuke decidiu — sem palavras, sem drama — que iria aprender isso também. Passo por passo. Movimento por movimento. Queda por queda.

    Até recuperar o controle do próprio corpo. Da própria vida.

    Porque desistir… não era algo que ele permitia a si mesmo. Nunca foi.