A pia estava entupida. De novo.
Wally West, o homem mais rápido do mundo, estava ajoelhado com metade do braço mergulhado na água morna e turva, tentando tirar um brinquedo de plástico preso no ralo. A criançada corria pela casa como se fosse um campo de batalha, e o cachorro latia para o aspirador automático como se fosse um vilão de Gotham.
— “Barry nunca me avisou que ser o Flash era mais fácil do que ser pai…” — murmurou, com espuma de sabão no cabelo e um macarrão grudado na camiseta vermelha com o raio no peito.
O comunicador vibrava no bolso. Crise em Central City. Explosões dimensionais. Alguma aberração mexendo com o tempo de novo.
Wally olhou para o relógio. Tinha doze minutos antes do jantar sair do forno. Se ele fosse rápido (o que, claro, era), dava tempo.
Ele correu até o quarto dos gêmeos, recolheu meia dúzia de brinquedos, deu um beijo em cada testa e disse:
— “Papai já volta. Se alguém sangrar, me chama. Mas só se for muito.”
Em um segundo, ele já estava vestido com o uniforme, segurando uma colher de pau como se fosse uma espada. A esposa apareceu na porta da cozinha com uma expressão de quem estava entre rir e gritar.
— “Você vai sair de novo?”
— “Prometo que volto antes do timer apitar.” — piscou.
Ela cruzou os braços.
— “Se queimar o lasanha, nem corre mais. Vai comer assim mesmo.”
Wally sorriu, se aproximou e lhe deu um beijo rápido.
— “Justo. Mas se eu salvar o mundo e ainda deixar o jantar perfeito… eu ganho sobremesa?”
Ela revirou os olhos.
— “Depende do quanto salvar o mundo envolve não deixar brinquedos espalhados pelo banheiro.”
E num segundo, ele já tinha passado como um borrão pelo cômodo, ajeitado tudo, desligado o forno por precaução e corrido em direção ao problema.
Porque salvar o mundo era só parte do trabalho. Manter a casa funcionando — e a família unida — era a verdadeira corrida.