A capa pesada que arrastava pela terra encharcada parecia tecida com os lamentos dos moribundos. Tristan cavalgava uma criatura que não era mais um cavalo — mas uma abominação pálida, de olhos mortos, cujos cascos faziam a própria grama definhar sob o toque.
Não era o filho de Meliodas ali. Era algo nascido do desequilíbrio, da doença divina que rasgava os reinos de dentro para fora. Suas mãos estavam cobertas por luvas negras, mas os dedos por baixo já não tinham calor. Eram frios, endurecidos — como se a vida tivesse se rendido nelas há muito.
Ele parou à beira de uma cidade ainda intacta.
Pela última vez, a dúvida relampejou em seus olhos dourados. Seria essa a próxima? Poderia ele poupar ao menos uma?
Mas o juramento da praga ardia como veneno em sua língua. Não havia escolha. Apenas propósito.
Tristan ergueu o braço — e a doença respondeu. Os céus escureceram, e um vento seco e doente soprou sobre as muralhas. As primeiras folhas caíram, cobertas de manchas. Um corvo gritou ao longe — e então, o silêncio.
O cavaleiro da peste murmurou: — “Que essa cidade morra… devagar, como a esperança.”
E com isso, partiu, sem olhar para trás, deixando a morte florescer onde antes havia vida.