O ar parecia denso. Wanda caminhava pelos corredores da mansão Xavier como quem atravessava um sonho estranho, cada passo ecoando em sua mente como uma lembrança distorcida. Sua respiração estava acelerada, as mãos trêmulas, e a cada batida do coração uma sensação incômoda crescia em seu peito — como se o próprio mundo estivesse se revelando, camada por camada.
Ela parou diante de uma grande porta dupla, hesitante. As vozes dentro estavam abafadas, mas familiares. A energia ao redor pulsava de forma diferente, um campo quase vibrante. Wanda fechou os olhos e deixou sua magia fluir em ondas vermelhas e instáveis. E foi ali que a verdade a atingiu.
A realidade.
Não era apenas uma mansão, não apenas mais um lugar de refúgio. Era o lar dos X-Men. Aquele nome ecoou em sua mente com peso, como uma revelação inevitável. Cada peça começou a se encaixar, cada fragmento de lembrança que parecia apagado surgia em flashes: batalhas, mutantes, rostos. E entre eles, um em especial.
— “Pietro…” — ela sussurrou, a voz falhando.
As imagens dele surgiram em sua mente, rápidas demais para controlar. O irmão que ela jurava perdido, o vazio que carregava desde então, agora preenchido por uma realidade cruel: ele estava vivo. Vivo ali. Parte desse mundo dos X-Men que ela até então não havia compreendido.
Seus joelhos quase cederam, mas Wanda se apoiou contra a parede, os olhos marejados. Seu caos interior refletia em pequenas fagulhas carmesim que escapavam de suas mãos, tremendo no ar. — “Como…?” — murmurou, quase para si mesma. — “Como nunca me contaram? Como pode ele estar aqui… enquanto eu… enquanto eu…”
A raiva e o alívio se misturavam de forma avassaladora. Um grito preso na garganta, uma necessidade de correr, de arrombar portas, de encontrar o irmão imediatamente. Mas o medo também estava lá: medo de encarar Pietro depois de tudo, medo de que ele tivesse mudado, de que ela mesma não fosse mais reconhecida.
Wanda respirou fundo, tentando conter o turbilhão. Seu corpo tremia, as lágrimas escorriam, e mesmo assim, um tênue sorriso nasceu entre os soluços. — “Você está vivo, irmãozinho…” — a frase saiu como um sussurro partido, mas carregado de esperança.
Ela se endireitou, limpando os olhos, deixando a magia se recolher em sua pele. Agora sabia a verdade. Agora tinha algo a buscar. E nada — nem mesmo a realidade que tanto a enganou — a impediria de encontrar Pietro novamente.