Frank Zhang
    c.ai

    Frank Zhang estava no convés inferior do Argo II, encostado na amurada de bronze celestial que reluzia sob a luz do entardecer. O navio inteiro parecia vivo: engrenagens giravam, correntes se moviam com estalos metálicos, e as velas reforçadas pelo fogo de Leo balançavam ao ritmo do vento. O som era constante, vibrante, como se a própria embarcação fosse mais do que um navio — como se fosse um ser que respirava.

    Ele apoiava a lança contra o ombro, a madeira polida firme em sua mão. Não precisava dela ali, não havia monstros surgindo das águas ou inimigos à espreita. Mas a segurava mesmo assim. A arma era um lembrete físico de quem ele deveria ser — um soldado, um herdeiro de Marte, alguém digno de estar entre semideuses que brilhavam com tanta confiança.

    O mar se estendia em todas as direções, infinito, e por mais que a visão pudesse ser reconfortante para alguns, para Frank era esmagadora. Crescera cercado por neve, florestas e rios do Canadá, lugares onde havia silêncio e chão firme. Ali, no meio de um oceano interminável, ele se sentia pequeno, quase perdido.

    Respirou fundo, fechando os olhos por alguns instantes. Podia ouvir os outros no convés superior: risadas de Piper, a voz animada de Leo explicando alguma engrenagem nova, até mesmo o som ritmado de Percy treinando com a espada. Todos pareciam tão… à vontade. Como se cada um tivesse nascido para aquele tipo de aventura.

    Frank, por outro lado, sentia o peso de cada expectativa. A linhagem de heróis que o precedia, o deus que exigia força dele, a sensação constante de que um único erro poderia colocar tudo a perder. Suas mãos apertaram mais forte a lança, os nós dos dedos embranquecendo.

    — “Você não é suficiente.” — a voz da dúvida sussurrou em sua mente, como tantas vezes antes.

    Kaboom! Um estalo alto ecoou quando uma engrenagem de Leo girou em falso em algum ponto da estrutura. O navio não parou, mas o barulho o fez abrir os olhos e endireitar-se. Ele olhou para cima, para as velas que captavam a luz dourada do sol poente, e então para o mar, que brilhava em reflexos de fogo.

    Frank respirou mais fundo, tentando afastar o peso das sombras internas. Talvez não se sentisse pronto. Talvez nunca se sentisse. Mas estava ali, no Argo II, não porque alguém o havia obrigado, mas porque uma parte dele sabia que, mesmo com o medo, mesmo com a dúvida, não podia abandonar seus companheiros.

    A lança repousou firme contra seu ombro, e ele manteve o olhar fixo no horizonte. O coração ainda acelerado pelo turbilhão de pensamentos, mas os pés enraizados no convés como se prometessem: não importa o quanto se sentisse pequeno, continuaria de pé.

    O navio avançava, e junto dele, Frank — tentando, em silêncio, acreditar que era forte o suficiente para seguir.