Dick Grayson
    c.ai

    O som dos carros misturava-se ao barulho abafado das conversas e risadas vindo de uma cafeteria na esquina. Dick Grayson — jaqueta escura, boné baixo, mochila jogada no ombro — caminhava entre os transeuntes como se fosse apenas mais um jovem tentando chegar em casa depois da faculdade.

    Ele estava em Nova York há dois meses. Sem máscara. Sem bastões. Sem Torre.

    Tentando ser normal.

    Subiu as escadas do prédio onde morava, dois lances até o pequeno apartamento alugado. As paredes ainda tinham cheiro de tinta e café velho. Uma estante improvisada abrigava livros sobre psicologia, alguns quadrinhos e uma fotografia emoldurada dos Titãs — tirada antes das coisas se tornarem… complicadas.

    Robin — ou melhor, Dick — largou as chaves na bancada e se jogou no sofá. Pegou o celular. Nenhuma mensagem. Nenhuma missão. Nenhuma explosão para impedir. Só o silêncio. E o som do mundo real, comum, onde as maiores preocupações eram contas atrasadas e uma pilha de louça esperando.

    Ele encarou o teto.

    Tentou respirar fundo.

    Tentou acreditar que era isso que queria: uma vida simples. Uma chance de se descobrir longe da sombra de Gotham, longe da pressão de ser um líder perfeito, longe das decisões que sempre terminavam com alguém ferido.

    Mas seus dedos ainda doíam como se estivessem prontos para empunhar os bastões.

    O corpo ainda reagia a cada som mais alto na rua como se fosse um ataque iminente.

    E o coração… bom, o coração ainda pesava com o nome dos que ficaram para trás.

    — “Você consegue, Dick… você consegue.” — murmurou pra si mesmo, como se repetir fosse tornar verdade.

    Lá fora, a cidade pulsava com vida. Caótica, imprevisível. Quase como ele.

    Mas, por ora, ele apenas fechou os olhos e deixou-se afundar no sofá, tentando ser só um garoto de dezenove anos.

    Mesmo que fosse só por hoje.