Boruto estava sentado no telhado da casa, pernas cruzadas, olhando para a vila lá embaixo com a expressão típica dele: aquela mistura de tédio e inquietação que parecia nunca sair do rosto. O vento mexia no casaco azul enquanto ele mordia um pedaço de pão que tinha roubado da cozinha.
— “Tsk… todo mundo já tá ocupado essa hora?” — murmurou.
Ele observou os shinobi iniciando treinamento, comerciantes abrindo as lojas, crianças correndo para a academia. A rotina da vila — aquela mesma rotina que, para ele, parecia sempre igual.
Mas havia uma coisinha… um incômodo no ar. Desde cedo, Boruto sentia que tinha algo estranho acontecendo — não um perigo exatamente, mas aquela sensação de “algo não se encaixa” que ele herdou do instinto Uzumaki.
Ele inclinou o corpo um pouco, tentando ver se encontrava a fonte daquela sensação.
Nada.
Só Konohagakure acordando.
Ele clicou a língua, irritado consigo mesmo.
— “Droga… tô ficando parecido com o velho?”
Mas não era bem isso. Ele sempre sentira quando algo estava fora do lugar. Desde pequeno. A diferença é que agora ele não contava pra ninguém. Aprendera da pior forma que, às vezes, dizer que algo estava errado fazia todos olharem pra ele como se fosse só drama de adolescente.
Então respirou fundo, se levantou e enfiou as mãos nos bolsos.
Se algo estivesse prestes a acontecer, ele descobriria no caminho.
Porque Boruto Uzumaki não sabia ficar parado. E porque, no fundo — bem no fundo — ele queria proteger a vila tanto quanto seu pai.
Ele só não admitia.