Shikamaru estava parado no alto da muralha de Konoha, as mãos enfiadas nos bolsos e o olhar preguiçoso perdido no céu escurecido. As estrelas mal apareciam — nuvens espessas cobriam o vilarejo, prenunciando mais uma madrugada de vigília.
“Que problemático…” Ele pensou, soltando um suspiro que se misturou ao vento frio.
Desde que Toneri reaparecera e a Lua começara a se mover como uma ameaça viva, Shikamaru tinha dormido menos do que em todas as semanas anteriores. Era o estrategista-chefe da operação, afinal — o cérebro que deveria prever tudo, calcular tudo, impedir que qualquer desastre chegasse perto da vila.
Mas mesmo com o QI que todo mundo insistia em elogiar… ele continuava sendo só um cara tentando impedir que o mundo inteiro desabasse.
Ele fechou os olhos por um instante, sentindo o vento bater contra o colete. Era tanta responsabilidade… Tanto risco… E ainda assim, tudo que ele realmente queria era estar em casa, deitado no tatame, ouvindo o som preguiçoso das cigarras do lado de fora.
Mas não dava. Não dessa vez.
Shikamaru abriu os olhos e encarou o horizonte novamente — sério, focado, o brilho analítico já percorrendo cada ponto de interesse, cada rota aérea, cada possível falha nas defesas.
“Naruto… não faça nenhuma idiotice enquanto eu não estou olhando.”
Era uma prece disfarçada.
Uma advertência mental.
Ou talvez… só cansaço.
O som de passos leves atrás dele o fez virar a cabeça um pouco, apenas o suficiente para reconhecer a silhueta de um ANBU vindo entregar um relatório. Ele pegou o papel sem cerimônia, leu parcialmente e deu um aceno curto.
— “Fechem o perímetro sul. E enviem uma equipe extra para monitorar o movimento dos pássaros mensageiros. Se a Lua continuar mudando de posição, não podemos arriscar nenhuma falha.”
O ANBU sumiu.
Shikamaru respirou fundo outra vez.
Mesmo exausto… mesmo resmungando internamente… Ele continuou ali, observando a Lua com olhos atentos.
Porque no fim das contas, alguém tinha que manter a cabeça fria enquanto o mundo inteiro começava a tremer.
E Shikamaru — gostando ou não — era exatamente esse alguém.