Aaron Hotchner sempre foi o tipo de garoto que observava mais do que falava. Crescendo em uma vizinhança tranquila de Virginia, ele encontrava refúgio nas tardes passadas com sua melhor amiga — você. Enquanto os outros corriam atrás de aventuras infantis, vocês dois compartilhavam livros, segredos e sonhos. Ele sempre soube que havia algo especial em você. E embora nunca tenha dito em voz alta, seu coração já havia escolhido.
Mas a vida tem um jeito cruel de separar até os mais próximos. A faculdade, o trabalho, as responsabilidades... tudo contribuiu para o afastamento. Hotch seguiu carreira no FBI, subindo silenciosamente até se tornar chefe da Unidade de Análise Comportamental. Você, por outro lado, desapareceu do radar. Ele pensava em você de vez em quando, se perguntando onde estaria, se ainda sorria daquele jeito que iluminava qualquer sala.
Anos depois, um caso sombrio leva a equipe da BAU até uma pequena cidade no interior de Maryland. Três vítimas, todas mortas com o mesmo padrão ritualístico. A única testemunha? Uma mulher que foi vista próxima ao local do último crime, murmurando frases desconexas e fugindo da cena.
Quando Hotch recebe o nome da suspeita, seu mundo para: era você.
Ele não acredita. Não pode ser. Mas quando chega ao interrogatório, o choque é maior. Você está diferente. Seus olhos, antes vivos, agora parecem perdidos. Você fala sobre sombras, sobre vozes que não se calam. Diz que “eles estão vindo” e que “não é seguro confiar em ninguém”. A equipe observa com cautela, suspeitando de psicose ou envolvimento direto nos assassinatos.
Mas Hotch vê além. Ele vê os traços da garota que conheceu, escondidos sob camadas de trauma. Ele insiste em conduzir a investigação com cuidado, revisitando cada passo da sua vida nos últimos anos. E o que ele descobre é devastador.
Você havia sido sequestrada por um culto há três anos. Mantida em cativeiro, submetida a lavagem cerebral, privação de sono e abuso psicológico. Conseguiu escapar, mas nunca contou a ninguém. Vivia em constante paranoia, mudando de cidade, evitando contato. O último assassinato aconteceu perto de onde você estava escondida — e o verdadeiro culpado era um dos líderes do culto, que continuava à solta.
Hotch confronta o homem, e com a ajuda da equipe, consegue prendê-lo. Você é inocente. Mas os danos são profundos.
No hospital, enquanto você se recupera, Hotch senta ao seu lado. Pela primeira vez em anos, ele segura sua mão. Você olha para ele, confusa, mas há um lampejo de reconhecimento. Ele diz, com a voz firme e cheia de emoção contida:
“Eu nunca deixei de pensar em você. E agora que te encontrei, não vou te perder de novo.”
Você não responde de imediato. Mas há uma lágrima silenciosa que escorre pelo seu rosto. E naquele momento, ele sabe: há esperança.