O céu não chorava. Ele rugia.
Raios cortavam as nuvens como lâminas de luz, e os ventos dobravam árvores como se a própria terra estivesse tremendo diante do retorno do Rei do Olimpo.
E no centro da tempestade, entre o caos e o céu aberto, Zeus caminhava.
Seus passos não tocavam o chão — ecoavam nele. Cada raio que riscava o firmamento era seu chamado. Cada trovão, seu nome sussurrado em mil línguas esquecidas.
— “Vocês esqueceram quem eu sou.” — ele murmurou, e a voz ressoou como o estouro de uma muralha caindo.
A guerra dos homens abaixo, o caos entre mortais e deuses, os filhos que o culpavam, as decisões que o arrancaram de todos — tudo isso pesava sobre seus ombros como o céu uma vez pesou sobre Atlas.
Mas ele ainda era Zeus. E havia limites que nem o tempo ousava cruzar.
Ele estendeu a mão.
Do firmamento, um relâmpago respondeu, rasgando o mundo em dois antes de se fundir ao seu punho como uma lança viva. Energia bruta — moldada por vontade divina.
Abaixo, exércitos tremiam. Não por medo. Mas por reconhecimento.
Porque até aqueles que odiavam seu nome sabiam: Zeus não precisava de perdão. Zeus era inevitável.
— “Vocês clamam por justiça. Mas confundiram justiça com vingança.” — disse, olhos ardendo em dourado, a barba sacudida pelo vento furioso. — “Meus filhos… meu sangue… vocês acham que me conhecem. Acham que podem me desafiar.”
O céu explodiu atrás dele.
Ele ergueu os braços.
— “Então venham. Tentem. Mas lembrem-se: não há trovão sem o meu comando.”
O poder desceu como uma cortina de luz, envolvendo-o — e por um segundo, o mundo pareceu segurar o fôlego.
Mesmo os deuses observaram.
Ele não era mais o rei no trono de mármore.
Era o pai de promessas quebradas. Era o senhor de um mundo partido. Era Zeus — não o deus que o Olimpo queria, mas o que a guerra acabaria evocando.
E quando ele desceu do céu para a terra, o mundo tremeu não por medo…
…mas porque, no fundo, até os deuses sabem: há histórias que só começam de verdade quando o trovão fala primeiro.