Percy Jackson
    c.ai

    A cidade dormia. O cais, não.

    As docas estavam mergulhadas numa névoa espessa, e o ar tinha gosto de ferrugem. O tipo de noite em que monstros saem para respirar — e heróis deviam estar dormindo. Mas ali estava Percy Jackson, com a espada celestial na mão e o All Star encharcado até o cadarço.

    — “Claro. Eu podia estar com a Annabeth vendo Doctor Who. Mas não. O javali marinho assassino do submundo resolveu aparecer justo hoje.”

    Ele chutou uma âncora caída no chão.

    O rugido veio logo em seguida — profundo, molhado, primitivo.

    As águas do píer explodiram como uma bomba líquida. Do fundo negro, emergiu a criatura: algo entre um hipopótamo e um tubarão, coberto de placas ósseas e olhos verdes brilhantes como faróis.

    Percy revirou os olhos.

    — “Ok, então é terça.”

    A criatura avançou com um urro. Percy girou Contracorrente, e a lâmina brilhou com reflexos do mar — como se o oceano inteiro o observasse.

    Ele correu. Saltou sobre um guindaste tombado, escorregou num barril e girou no ar como se fosse prática. A espada acertou de raspão o focinho da criatura, que gritou e afundou com violência, levantando uma onda que engoliu a plataforma inteira.

    Percy caiu de costas na água. Mas… ele era filho de Poseidon.

    O mar o recebeu como a uma promessa esquecida. E embaixo d’água, seus olhos brilharam. O medo deu lugar à clareza.

    Ele abriu os braços.

    A água respondeu.

    Como serpentes azuis, correntes subaquáticas envolveram o monstro, o puxando para baixo. O animal lutou, mas Percy nadava com uma velocidade sobrenatural, girando ao redor dele como se desenhasse um redemoinho com o corpo.

    Subiu em sua cabeça. Ergueu a espada.

    — “Vai pro fundo, Moby Dick dos infernos.”

    Cravou a lâmina entre as placas.

    A água tremeu. O monstro soltou um rugido final, e afundou — dissolvendo-se em poeira cinzenta.

    Percy boiou, de barriga para cima, ofegando.

    — “Tá vendo, Poseidon? Não precisei nem invocar um tsunami dessa vez. Cresci, ok?”

    A lua surgiu entre as nuvens. Ele sorriu, cansado, flutuando como se o mar fosse rede.

    Mas antes de relaxar, ouviu um estalo atrás do píer.

    — “Sério…? Mais um?”

    Ele se virou lentamente, espada na mão, pronto.

    Porque Percy Jackson era o tipo de herói que reclamava antes de lutar… mas nunca corria.