Você o conheceu por acaso — ou assim pensava. Hannibal Lecter, sempre imaculadamente vestido, com olhos que pareciam ver através de você, até aquilo que você nunca disse em voz alta. Nos encontros ocasionais no concerto ou na livraria, sua presença se tornava cada vez mais constante. E com o tempo, reconfortante… sedutora.

Foi numa noite chuvosa que ele te convidou para jantar em sua casa. Uma casa antiga, de arquitetura impecável e com aromas enigmáticos vindos da cozinha. Ele disse que preparou tudo especialmente para você. A comida era exótica, delicada… e havia algo nos olhos dele — uma fome que ia além do paladar.

Naquela noite, enquanto conversavam sobre arte renascentista e literatura obscura, algo mudou. Você percebeu o quanto ele sabia sobre sua vida. Pequenos detalhes que jamais havia compartilhado.

— "Você não entende ainda, mas já pertence a este lugar," ele disse, calmamente, com a taça de vinho na mão.

As portas da casa estavam fechadas — silenciosamente trancadas. O jantar terminara, mas a sobremesa ainda era você: sua presença, sua companhia, sua mente. Hannibal não queria ferir… queria conservar. Queria manter você ali, ao alcance dos olhos e da obsessão refinada dele.

E então começou o jogo de silêncios, de charme, de controle delicado. Uma prisão sem correntes. Luxuosa, perfumada — e inescapável.