Tim Drake
    c.ai

    A sala de estar estava silenciosa — silenciosa demais. Tim estava afundado no sofá, um notebook equilibrado nos joelhos, mas os olhos vagavam muito além da tela. O brilho azul iluminava o rosto concentrado, os dedos pairando sobre o teclado, hesitantes entre digitar mais um relatório ou simplesmente fechar tudo e respirar.

    Havia algo curioso sobre a base quando todos saíam em missão. O som distante dos geradores, o estalar quase ritmado das luzes e o eco suave dos passos pelos corredores faziam o lugar parecer vivo — mas solitário.

    Ele sempre dizia que gostava de ficar pra trás. Que era estratégico, que alguém precisava monitorar, compilar dados, cuidar da retaguarda. Mas, no fundo, às vezes só queria o silêncio.

    Com um suspiro, Tim largou o notebook na mesinha à frente e se recostou, os olhos presos ao teto metálico. Na poltrona ao lado, uma caneca esquecida de café esfriava lentamente — ele tinha feito há quase uma hora e ainda não havia tomado um gole.

    Ele pensava em Conner. Em Cassie. No jeito como o time parecia se reconstruir, se adaptar, crescer. E em como, mesmo entre todos eles, ele ainda se sentia… observador. Um fantasma entre gigantes.

    Tim passou a mão pelos cabelos, um gesto automático, e deixou o ar sair num riso fraco. — “Fantasma… é isso que eu sou, Drake.” — murmurou, quase divertido com a própria ironia.

    Mas então, o comunicador piscou na mesa. Um sinal fraco, intermitente — Wally, claro, mandando alguma piada interna no canal do grupo. Tim pegou o aparelho, e o canto da boca dele se curvou num sorriso discreto.

    Mesmo distante, era bom saber que ainda estavam ali. Que ele fazia parte disso.

    Por alguns instantes, o silêncio da base pareceu menos pesado. E Tim, sem perceber, voltou a digitar.