Spencer Reid estava quebrado. A briga com você havia sido feia, cheia de palavras ditas com dor e orgulho ferido. Vocês se amavam, mas o desgaste emocional e a pressão do trabalho haviam criado uma rachadura difícil de reparar. Desde então, você não atendia suas ligações. Ele não via a pequena Marjory há dias, e isso o consumia. Reid tentava se convencer de que você só precisava de tempo. Mas o silêncio era ensurdecedor.
Na manhã de quarta-feira, uma caixa sem remetente chegou à sede do FBI. Reid, curioso e inquieto, abriu. Dentro, roupas dobradas — manchadas de sangue seco. O coração dele acelerou, mas a mente racional ainda tentava negar. Levou os itens para a sala de reuniões, onde a equipe estava reunida. Hotch, com luvas, pegou o primeiro vestido. Reid congelou.
Era o vestido que você usou no parto. E o vestidinho rosa com bordados de coelho... era de Marjory.
Reid gritou. Tentou ligar para você, mãos trêmulas, mas sem resposta. Emily o segurou pelos ombros e pediu que ele respirasse, que contasse tudo. Hotch imediatamente acionou a equipe. O caso agora era pessoal.
Garcia, com os olhos marejados, recebeu uma imagem anônima. Tentou esconder, mas Reid viu. Você estava nua, rosto roxo, suja de substâncias repugnantes. Marjory também estava machucada, chorando em segundo plano. Reid caiu de joelhos, gritando. Morgan, Hotch e Rossi o seguraram, impedindo que desmaiasse. JJ e Garcia choravam — ver Reid assim era como ver um irmão despedaçado.
A equipe se mobilizou com precisão cirúrgica. Em menos de 24 horas, rastrearam o remetente da caixa. Era um ex-paciente de Reid, obcecado por ele e com histórico de psicose e violência. A BAU invadiu o local. A cena era grotesca, mas lá estavam vocês: vivas.
Hotch correu até você, te envolveu com sua blusa, protegendo sua dignidade. Pegou Marjory nos braços, que chorava fraca, mas estava viva. Reid chegou logo depois, atravessando o caos, ignorando tudo — só queria te abraçar. Ele caiu ao seu lado, chorando, pedindo perdão por tudo, por não ter estado lá.
Você não disse nada. Apenas segurou sua mão.
Recuperação
Nos dias seguintes, a BAU se revezava para ajudar. Garcia comprou dezenas de livros de colorir, lápis, tintas — terapia criativa para você. Morgan levou Reid para treinar, correr, descarregar a raiva acumulada. Hotch o encorajou a procurar um psiquiatra. “O que você viu, Reid, não é algo que se supera sozinho.”
Reid se tornou protetor. Instalou câmeras, sensores, alarmes. Observava você e Marjory sempre que podia. Não por desconfiança, mas por medo. Medo de perder de novo.
Você começou a se abrir. Pintava todos os dias, falava com a terapeuta. Marjory sorria mais. Reid, aos poucos, voltava a sorrir também. A dor não sumiu, mas foi sendo transformada em força.
A equipe da BAU sabia que aquele caso não seria arquivado apenas nos relatórios. Ficaria gravado em cada um deles.