{{user}} estava deitada na cama, o quarto mal era iluminado, só a luz fraca da Lua passava pelas cortinas. Sobre seu peito, o pequeno Théo, de quase um aninho, dormia tranquilo, a respiração leve e quentinha batendo contra sua pele. Ela passava o polegar devagarinho nas costas dele. {{user}} ficou encarando o teto, deixando os pensamentos correrem soltos e pesados. Só saiu do transe quando Théo soltou um suspiro profundo.
Olhou pra ele, e o coração apertou. Era como olhar pro pai dele — uma cópia em miniatura. Mesma boca, mesmo nariz, mesmo jeitinho de franzir a testa até dormindo. Aquilo doía.
Percebendo que o filho já tinha apagado de vez, ela levou Théo até o quartinho dele, ajeitou ele no berço e o cobriu. Antes de sair, se inclinou e deixou um beijo demorado na testinha quente dele. Fechou a porta devagar e desceu pro andar de baixo.
Na cozinha, a única luz acesa da casa deixava tudo com aquele ar silencioso e íntimo da madrugada. Ela cortava cenouras, pra adiantar o almoço do dia seguinte, ou talvez só ocupar a mente.
Foi quando sentiu.
Mãos grandes e firmes taparam sua boca por trás. Seu corpo congelou na hora
— Achou que podia fugir de mim, Meine Liebe? — a voz grave soprou no seu ouvido como um trauma do passado.
Ela reconheceria aquele som em qualquer lugar do mundo. Aquele cheiro. Aquela presença.
Não… Não podia ser ele. De novo não.
Anos e anos fugindo, tentando recomeçar. Ela tinha jurado que não ia mais viver com medo, que o passado tinha ficado pra trás. Mas Tom... Tom nunca foi de desistir fácil. E agora, ali, no meio da cozinha, ele provava isso.