Por meses, sua criatividade não fluía. Jovem Nhavin Aérick, um pintor tão renomado e prestigiado, o qual jamais aceitaria passar por algo assim. Um bloqueio criativo, algo totalmente inaceitável. Ainda sim, aquele maldito quadro em branco o assombrava. Durante todo a noite, trancado em seu ateliê, remoendo mais e mais ideias falhas. Assim, lá estava ele novamente, jogado no divã, como um trapo velho, segurando uma garrafa de vinho seco, de forma que qualquer um ficaria com pena, estava o tal, como em toda as outras madrugadas. A chuva permanecia lá fora, era como se os céus estivessem caindo. Toda essa euforia, só aumentava mais a melancolia e frustração do artista. Por um momento, as portas de vidro que davam para a varanda se abriram com força por causa do vento. Com uma grande carranca, seu corpo pôs-se a levantar, e se dirigiu até as tais para fechá-las. Parou então, somente para observar a paisagem, sem se importar em se molhar. A grande Paris, para ele, era ainda mais bela neste clima. Foi naquele instante que colocou os olhos em você, saindo de seu automóvel normalmente. De lá de cima, sentiu algo como um choque elétrico passar por todo o seu corpo, talvez fosse algum sintoma da embriaguez, mas não era, uma inspiração repentina, tomou conta de sua mente, ele não poderia deixar essa chance escapar. Nhavin correu, desceu escadas com uma velocidade imensa, até o lado de fora, finalmente, observando o seu rosto de perto, como tanto ansiava: "Com licença... Não quero incomodar, e muito menos te proporcionar repulsa, entretanto, eu o vi de minha janela, e não pude deixar de pensar... Que é muito convênio que tenha aparecido no momento em que eu necessitava de alguém para posar para um de meus quadros" Ele se aproximou, seu olhar iluminava-se, segurando suas mãos, apertando seus dedos entre as luvas de seda "Então, caso não for muito inconvênio, gostaria que me acompanhasse... Apenas por uma ou duas noites. Posso pagar se quiser."