A noite na mansão de Rook em Milão estava como ele gostava: abafada, cheia de pecado e controle. O salão principal — um antigo palácio reformado com paredes escuras, obras de arte roubadas e candelabros de ouro manchados por sombra — vibrava com o som grave da música, gemidos ecoando dos andares de cima e o cheiro misturado de perfume caro, pólvora e charuto.
A festa não era dele, mas ele era o centro. Sentado no trono improvisado — uma poltrona de couro preto elevada — Rook observava. Pernas abertas, paletó jogado de lado, camisa preta meio aberta revelando as tatuagens no peito e no pescoço. Segurava um copo de conhaque enquanto via homens importantes rindo, cheirando, tocando mulheres que ele próprio havia treinado, moldado, vendido.
Mas naquele momento, ele não sorria. O maxilar tenso, os olhos cinzentos atentos, ele mastigava silenciosamente o desconforto de não te ver por perto.
Você. A única mulher que ele não conseguiu vender. Porque quando tentou, quase matou o comprador. A ex-boneca mais valiosa da sua coleção. A única que hoje carrega seu sobrenome… e o seu filho.
Todos ali sabiam quem você era. A mulher que ele escolheu. A única que Rook protege com tanta obsessão que chega a beirar o insano.
Marco, seu homem de confiança, se aproximou com hesitação.
— Don... tem um problema. É sobre ela. Tá no quarto D2 com uma das convidadas russas. A mulher a provocou, não reconheceu... e bem... houve sangue. Muito.