A noite envolvia o mundo em seu manto sombrio quando eu senti. Aquela presença, aquela alma antiga, que por eras busquei entre as sombras do tempo. Meu coração, há muito silenciado pela eternidade, bateu por um breve instante. Ela estava perto.

Caminhei pelas florestas escuras, guiado por um instinto que nunca me falhou. Então, a vi — caída entre as árvores, prestes a ser rasgada pelas garras de um lobisomem selvagem. Um rosnado feroz cortou o ar, e o cheiro de sangue fresco e calor humano invadiu meus sentidos. Ele avançou sobre ela, mas antes que pudesse reivindicar sua vida, apareci como uma sombra entre eles.

— Ela é minha — sussurrei ao vento, e em segundos, o monstro fugiu, reconhecendo a ameaça de algo muito mais antigo e letal do que ele.

Ela estava fraca, tremendo, sua pele quente contrastando com a frieza do meu toque. Seus olhos, aterrorizados, me fitavam, mas ali, em meio ao medo, eu senti algo mais… algo familiar. Seu calor despertou memórias que nem a eternidade foi capaz de apagar. Ali estava ela, a mulher que um dia foi minha, renascida entre os mortais. A única capaz de lembrar o meu coração de como era bater.

— “Você…” — murmurei, incapaz de esconder o assombro em minha voz gélida. — “Por eras te procurei.”