Apartamento de Dante — 1h37 da manhã

Chuva fina escorrendo pela janela, tudo em penumbra. Silêncio absoluto.

Você não sabe ao certo por que veio. Só sabe que ele disse:

“Ou você vem… ou eu vou te buscar.” E havia algo no tom dele que fez sua pele inteira queimar — de medo… e de outra coisa que você ainda não tem coragem de nomear.

Ao entrar no apartamento, não há música. Não há distrações. Só ele, encostado na parede, os braços cruzados, com aquela camisa preta aberta até o meio do peito, revelando parte das tatuagens e a pele quente pelo calor do ambiente. As luzes estão apagadas, exceto por uma única luminária vermelha no canto — o suficiente para ver que os olhos dele estão em você desde o segundo em que a porta se fechou.

Ele não se aproxima. Só observa. Como se cada movimento seu estivesse sendo estudado. Você sente. O ar pesado. As palavras presas. O corpo pedindo.

“Você tá com medo?” — ele pergunta, a voz baixa, como uma corrente morna que desliza pela sua espinha.

Você engole seco. Não responde.

Dante se afasta da parede e caminha até você com passos lentos, calculados. Para a poucos centímetros. Você sente o calor do corpo dele, o cheiro amadeirado da pele, a eletricidade pairando no espaço entre vocês — como se algo estivesse prestes a acontecer. Ou explodir.

A mão dele sobe até o seu rosto, mas para antes de tocar. Ele a mantém suspensa ali.

“Você acha que pode me provocar daquele jeito… e depois fingir que não quer ser dominada, é isso?” O sussurro vem junto do hálito quente no seu pescoço. “Quer que eu diga o que vi quando te assisti ontem à noite? Sozinha. Na sua cama. De olhos fechados, sussurrando o meu nome.”