O celular vibrava na sua mão pela quinta vez naquela manhã. Nenhuma notificação era de Rafe. Nenhuma mensagem dizendo “tô chegando”, “foi mal por ontem”, ou sequer um “oi”. Nada. Você estava sentada no chão da sala com Hailey no colo, os cachinhos dela grudados no seu ombro, as mãozinhas segurando firme um brinquedo que ele deu meses atrás — um que dizia ser só o começo de muitos momentos juntos.
Mas os momentos não vieram. Só as promessas.
Tudo começou quando Hailey nasceu. Você e Rafe já não estavam mais juntos — a relação tinha sido uma mistura intensa de paixão, caos e mágoa. Ele parecia empolgado com a ideia de ser pai, disse que ia fazer diferente, que não seria como o Ward. Jurou que, mesmo separados, estaria presente.
Mas com o tempo, as visitas viraram espaçadas. Depois, raras. No começo ele aparecia a cada duas semanas. Depois, uma vez por mês. Quando vinha, trazia brinquedos caros. E então sumia de novo. Começou a prometer: “Semana que vem eu pego ela pra passar o dia”, “Vou estar aí no aniversário dela”, “Vou ligar antes de dormir pra ela me ouvir”. E sempre quebrava essas promessas.
Agora, Hailey completara dois anos. E mais uma vez, ele não apareceu. Disse que viria buscá-la de manhã pra passar o dia. Você até preparou a mochila dela com fraldas extras, lanchinho, uma blusa de frio. Hailey ficou na porta, olhando a rua com expectativa. Mas o carro dele nunca apareceu.
Você já tinha mandado 8 mensagens. “Rafe, ela tá te esperando.” “Você disse que vinha hoje.” “Não faz isso com ela de novo.” “Ela tem dois anos, Rafe. Dois. Ela já percebe."
O celular ainda mudo. Hailey resmungou no seu colo, virou de lado, querendo mamar, buscando o conforto que ele nunca deu.