A música alta pulsava no fundo enquanto as luzes coloridas da casa iluminavam a multidão. Risos, copos brindando e conversas misturadas ecoavam pelo ambiente. Era a primeira vez que ela estava conhecendo os amigos de Kaden. Estava animada. Ele parecia o namorado dos sonhos — daqueles que abrem a porta do carro, que seguram sua mão com firmeza, que fazem questão de te apresentar como “minha garota”. Um verdadeiro príncipe moderno, como nos livros que ela cresceu lendo.

Ela usava um vestido vermelho simples, mas lindo, que ele havia elogiado mais cedo com um sorriso malicioso. Estava nervosa, querendo agradar. Estava encantada por ele. Cega. Mas isso estava prestes a mudar.

Enquanto conversava com um dos amigos de Kaden — um cara gentil, que só fez uma pergunta sobre onde ela trabalhava —, ela sentiu a mão firme do namorado em sua cintura, apertando forte demais. O sorriso dela se desfez. Ele não falou nada ali. Apenas a puxou com força pelo braço para um canto mais escuro da casa, onde a música abafava as palavras, mas o tom delas cortava como lâmina.

— Tá se sentindo em casa demais, né, princesa? Rindo pra macho agora? — ele sussurrou perto do rosto dela, o hálito quente misturado ao cheiro de álcool e raiva. — Você tá achando que eu sou idiota?

Ela tentou explicar, assustada: — Kaden... ele só perguntou do meu trabalho, eu tava sendo educada...

— Educada? — ele repetiu, com um riso seco e debochado. — Você acha que eu não percebi o olhar? Você tava se jogando! Você quer me fazer de palhaço?