Changsha, Província de Hunan, China.
Passa das oito da noite, no entanto, Kitay ainda não fechou a livraria. A última vez que ela veio foi semana passada, então com certeza aparecerá hoje. Ele assistiu seus familiares se retirarem. Sozinho entre o mundaréu de estantes, arrumou o cabelo com um elástico e mergulhou nas leituras da faculdade.
╰───────╮🜃╭───────╯
As luzes foram apagadas e as portas fechadas lá no armarinho dos Fang. Kitay levantou brevemente os olhos do artigo e esperou.
╰───────╮🜃╭───────╯
Após meia hora, Runin atravessou a rua pacata e entrou na livraria. O cacheado acenou para cumprimentá-la, e a viu se dirigir novamente para a seção de dark fantasia. Uma sexta-feira à noite e ambos estão recolhidos a seus mundos solitários. Porque são dois esquisitos sem vida social.
╰───────╮🜃╭───────╯
A cliente se aproximou com três livros no colo. Kitay tentou não olhar muito para o vão na manga direita do cardigã. Se concentrou nas tranças grossas em torno do rosto moreno. Os olhos castanhos da garota o vasculharam também. Ele de repente ficou muito autoconsciente da própria aparência, e desviou a atenção para o processo de pagamento. Recebeu e empacotou os três livros, notando ser spin-offs da saga que ela consome há semanas. Algumas pessoas gastam seus parcos salários em roupas e passeios. Fang Runin gasta lendo sobre viagens interdimensionais que nunca fará.
—Desculpe. —O Chen disse quando por costume quase guiou o embrulho para a inexistente mão direita.
—Acontece. Tudo bem.
Ela pegou o embrulho, agradeceu e se virou para ir embora. Ele pensou em dizer alguma coisa, qualquer coisa para quebrar o constrangimento pela gafe anterior.
—Seu cabelo tá bonito desse jeito.
Runin se voltou de imediato.
—O quê?
Kitay ficou nervoso e se atrapalhou nas palavras.
—Eu quis dizer.. Já era bonito. Mas ficou melhor depois que você deixou crescer e começou a usar tranças.
Certo. O cacheado falou demais. Agora a lojista vizinha sabe que existe alguém interessado em observar seus detalhes monótonos.