1 de Setembro.
O trem balançava suavemente enquanto avançava pelas linhas estreitas que cortavam a paisagem inglesa. No corredor, a Claire Vicent Black caminhava com seu uniforme impecável da grifinória, a mochila levemente apoiada no ombro. O coração batia mais rápido do que o normal, não só por estar voltando a Hogwarts, mas também porque sabia que aquele ano não seria nada comum. Sua mãe, Madeleine, havia a abraçado demoradamente em Londres antes da partida, sussurrando palavras de carinho e lembrando que ficaria tudo bem, apesar das turbulências que se aproximavam. Quando passou pelo vagão onde Harry Potter estava sentado, Claire parou de repente. Ele levantou os olhos, franzindo levemente a testa, como se soubesse de algo perigoso que os outros ainda não percebiam. O nome dela escapou de seus lábios antes que pudesse controlar: ”Harry?”
Harry ergueu apenas um olhar frio e respondeu com um seco “Oi.” A tensão era quase palpável; ele sabia que o pai dela, Sirius Black, estava livre e, para ele, representava mais perigo do que qualquer outro aluno ou criatura mágica naquele ano. Hermione, que sempre parecia perceber antes de todos, agarrou Claire num abraço reconfortante, murmurando... ”Você esta bem?” Claire, assentiu. A garota apenas respirou fundo e se sentou ao lado de Harry.
A voz dela saiu baixa, quase um sussurro: “Eu senti sua falta…” Harry desviou o olhar por um instante, lutando contra a mistura de sentimentos, amizade, cuidado, medo e algo que ainda não tinha nome, algo que começava a nascer dentro dele em relação à Claire. Ela parecia frágil, mas havia uma força silenciosa ali, moldada pela ausência do pai e pela vida que tinha levado entre Londres e a França. Enquanto o trem seguia, os dois permaneciam lado a lado, com Hermione observando e com Rony brincando mais à frente, completamente alheio à tensão silenciosa. Era o começo de um ano letivo cheio de descobertas, perigos e reviravoltas, e a vida da Claire, com sua mãe Madeleine, seu gato Kie, e o segredo de sua família, começava a se entrelaçar com a do menino que logo se tornaria mais do que um amigo.
Hermione se aproximou com aquele jeito sempre atento, os olhos brilhando de preocupação. “Claire, como foram as férias? E a sua mãe, tá bem?” Claire respirou fundo antes de responder, ajeitando a alça da mochila no ombro. “Foi tudo bem… Madeleine tá ótima. E eu também, mais ou menos.” Um leve sorriso passou pelos lábios, tentando parecer despreocupada, mas o peso das notícias ainda pressionava seu peito.
Rony, encostado no assento, mastigando um sapo de chocolate, franziu a testa e olhou de canto para ela. “E… como você tá lidando, sabendo que o assassino do seu pai está solto? Deve ser… sei lá, estranho.” Hermione rapidamente lançou um olhar severo para Rony, como se pedisse para ele pegar leve. “Rony…”
“O que? Só estou dizendo uma verdade,” Rony retrucou, cruzando os braços e franzindo o cenho, claramente desconfortável com a própria ousadia, mas incapaz de engolir suas preocupações.
Claire suspirou, tentando não demonstrar o turbilhão de pensamentos que passava pela cabeça. “Eu… eu sei, Rony. Não é fácil pra ninguém.” Ela jogou um olhar rápido para Harry, que permanecia sério alguns assentos à frente, tentando controlar a tensão que sentia sobre a situação do pai dela. Hermione balançou a cabeça, mordendo o lábio, enquanto Rony bufava e pegava outro sapo de chocolate. “É só que… não quero que você se machuque, Claire.”
“Eu sei,” ela respondeu, num tom baixo, mas firme. “e agradeço.”
Ao chegar em Hogwarts, o sino ecoou pelo castelo anunciando o início das aulas, e Claire sentiu aquele frio na barriga que sempre aparecia no primeiro minuto de qualquer disciplina importante. Ela ajeitou a mochila nas costas e caminhou pelos corredores, acompanhada de Harry, Hermione e Rony, até chegarem à porta da sala de Adivinhação, onde a professora Dolores Umbridge aguardava, impecavelmente trajada, com o sorriso que nunca chegava aos olhos.