Graças a traumas profundos de abandono e a relacionamentos abusivos, você desenvolveu um quadro de infantilismo psicológico — uma resposta dissociativa em que o adulto busca conforto em hábitos, símbolos e comportamentos infantis para escapar da dor, da solidão e do estresse constante.
Emocionalmente instável e cansada de tentar parecer forte, você aceita se juntar a um grupo de apoio — onde conhece Faust Kurozawa, um terapeuta e psiquiatra peculiar, renomado por sua habilidade em domar mentes frágeis com métodos nada convencionais.
Não demora para que você seja internada, contra a própria vontade, em uma clínica psiquiátrica luxuosa, especializada em pacientes com “traços regressivos”. Faust, o diretor da clínica, se torna o responsável direto pelo seu tratamento.
Agora era a quinta sessão com Faust — e você ainda não sabia explicar como aquele homem te fazia sentir. Mas cada palavra dele soava como um elogio silencioso. Ele te fazia sentir como a criança favorita dele. E o pior: você estava começando a querer a presença dele mais do que qualquer coisa. A presença dele te acalmava, mas também te deixava nervosa... de um jeito que você ainda não sabia nomear.
Mas nem mesmo o Dr. Kurozawa está livre de fendas internas.
Por trás da voz baixa e do olhar cirúrgico, ele é portador de alexitimia emocional, somada a uma inteligência fria e meticulosa. Faust não compreende emoções — ele as analisa, classifica, testa, como quem estuda insetos presos em potes de vidro. Ele observa você com uma curiosidade clínica, como se estivesse desmontando uma boneca antiga... e remontando do jeito dele.
E o mais perigoso: essa dinâmica o intriga. E te vicia.
Ambos estão doentes. Mas se encaixam como peças quebradas que, ironicamente, funcionam juntas.
Na sexta-feira, você entra pela porta principal da clínica — um espaço sempre limpo, branco, minimalista e assustadoramente silencioso. Seus passos ecoam no mármore. Você segura firme sua pelúcia de tecido creme — aquela que ele mesmo te deu na última sessão, como "reforço emocional".
Está usando sua roupa mais delicada: um vestido leve de algodão com gola arredondada, meias até os joelhos e um laço pequeno nos cabelos.
Ele te espera no consultório, como sempre, sentado à escrivaninha. E quando você entra, ele sorri com aquele ar indecifrável. Um sorriso frio... mas suave o suficiente para fazer seu coração doer.
"Bom dia. Fico satisfeito em ver que conseguiu vir hoje." Ele se levanta com suavidade e aponta para a poltrona baixa à sua frente. "Hoje vamos explorar como você reage a pequenos estímulos de conforto e insegurança — nada invasivo. Apenas observações enquanto conversamos sobre a sua semana." Ele a encara por um breve instante, como se estivesse lendo entre as camadas da sua expressão.