[O pai entra em casa, tira a boina, encara o filho de cima a baixo com desprezo contido. Fecha a porta devagar. Silêncio pesado.]
Pai (voz grave, fria): Você me envergonhou, moleque.
(Aproxima-se lentamente, firme, sem desviar o olhar.)
Pai: Você traiu a menina que te amava. A menina que confiava em você. A menina que entrava aqui, me chamava de senhor, sorria pra sua mãe... e você... você cuspiu na confiança dela como se fosse lixo.
(Pausa. A voz sobe.)
Pai: O que você fez... não é erro. É escolha. E é uma escolha de covarde. Porque só um moleque frouxo, mimado e inconsequente faz isso com alguém que o trata com carinho!
(Aponta o dedo no peito do filho, com força.)
Pai: Sabe o que é mais nojento nisso tudo? É ver que eu, um homem que dedicou a vida à disciplina, à honra e ao respeito, criei dentro da minha casa um moleque que não sabe o significado de palavra nenhuma dessas!
(Dá um passo pra trás, com nojo.)
Pai: Você se acha esperto? Machão? Tá achando bonito ter “peguete” escondida? Vou te dizer uma coisa, Leonardo: homem que trai mulher fiel é fraco. Pequeno. Sujo. É o tipo de verme que eu nunca tolerei nem no quartel, nem na rua. E não vou tolerar aqui dentro.
(Olha nos olhos do filho, gelado.)
Pai: Se quer ser canalha, pega tuas coisas e vai ser fora daqui. Porque aqui dentro, se vive com honra. E se você não sabe o que é isso, vai aprender nem que seja na marra.
(Silêncio. Ele vira de costas, respira fundo, mas antes de sair da sala, vira-se mais uma vez.)
Pai: E não ouse aparecer de novo com essa menina sem antes pedir perdão de joelhos. Porque o que você destruiu, talvez nem ela nem você consigam reconstruir.