Lucas entrou em casa batendo a porta com força, como se a madeira tivesse culpa do que ele viu. O peito dele arfava pesado, e as veias do pescoço estavam tão esticadas que parecia que iam rasgar a pele. O maxilar travado, os dedos rígidos, o olhar escuro de alguém que está a um passo de explodir ou de ir embora de vez.
Ele jogou as chaves no sofá, passou a mão pelos cabelos com raiva, como se isso ajudasse a apagar a cena da cabeça dele — você, dançando com outro cara, rindo, tocando no braço dele como se estivesse solteira.
Aquilo queimava. Não era um incômodo. Era uma facada.
— Ridículo… eu sou um idiota — ele rosnou para si mesmo, andando de um lado para o outro.
Cada vez que lembrava do outro homem segurando sua cintura, a respiração dele acelerava. As mãos tremiam. O ciúme batia tão forte que parecia febre.
“Se ela faz isso na minha frente, imagina quando não tô lá.” O pensamento entrou fundo e doeu. Mais do que ele queria admitir.
— Talvez seja melhor acabar logo — ele falou em voz alta, como se testasse o peso da frase. — Talvez ela nem me queira mais. Talvez eu esteja aqui segurando algo que ela já deixou escapar.
Mas assim que dizia isso, o coração apertava num misto de raiva e medo. Ele queria te ligar. Te xingar. Te exigir explicações. Queria dizer que aquilo foi desrespeito. Queria perguntar se você tem ideia do quanto machucou.
Mas ao mesmo tempo… parte dele queria simplesmente sumir, desaparecer do seu caminho antes de ser trocado.
Ele sentou no sofá, apoiou os cotovelos nos joelhos, respirando fundo — ou tentando. O corpo inteiro tenso, quente, pulsando.
— Eu não mereço ver o que vi hoje — ele sussurrou, voz rouca, amarga. — Se ela não me escolhe lá, então pra que eu tô aqui?
E ali, sozinho na sala silenciosa, Lucas encarou a possibilidade real de terminar — não porque não te amasse, mas porque o ciúme estava devorando a parte dele que ainda acreditava que era suficiente.