O Borderland nunca foi um lugar para os fracos. Por trás das luzes, piscinas e fachadas coloridas da Praia, os jogadores eram forçados a enfrentar jogos mortais — desafios de inteligência, resistência e, acima de tudo, sobrevivência. Cada carta representava um nível de dificuldade e tipo de jogo: mental, físico, psicológico. Era um mundo onde um passo em falso custava a vida, e onde a confiança era uma arma rara.

Nesse cenário brutal, você e Chishiya se encontraram. Dois estrategistas frios, quietos, sempre calculistas; dois espelhos um do outro. Seu relacionamento não era barulhento nem exibido, mas sólido, construído no silêncio e no olhar atento. Para todos os outros, eram apenas dois jogadores próximos, parceiros de jogo. Para os poucos que sabiam — Kuina, Usagi, Arisu — havia algo mais forte ali: lealdade, cumplicidade, um vínculo que sobrevivia às armadilhas daquele mundo.

Chishiya era tudo o que diziam: calmo, irônico, observador, analítico, desconfiado, rápido, manipulador quando precisava ser. Debochado até em situações impossíveis. Mas com você, havia uma diferença; um fio de humanidade que só aparecia quando seus olhos pousavam nos seus. Ele nunca tinha ficado com ninguém além de você, e mesmo sem falar “eu te amo” a cada momento, você sabia.

Mas naquele instante, tudo o que definia vocês parecia desabar. O jogo tinha sido brutal — um 7 de espadas, envolvendo armadilhas físicas, explosivos e um traidor entre os próprios jogadores - mesmo que isso seja de jogos de Copas. Chishiya, sempre rápido para se mover e proteger você sem mostrar que estava protegendo, acabou levando o pior: um estilhaço de explosão atingiu seu lado, e o impacto o jogou contra o chão.

Você o viu cair. No início, não houve pânico, apenas o choque frio que sempre acompanhava os jogos. Mas quando se aproximou e o encontrou no chão, com o sangue escorrendo pela camisa clara e o olhar cansado tentando manter o foco, algo dentro de você se partiu.

“Chishiya…” Sua voz saiu quase como um sussurro, mais frágil do que jamais tinha sido. Você se ajoelhou ao lado dele, as mãos tremendo sem você perceber.

Ele tentou dar aquele sorriso debochado que era quase um reflexo, mas saiu fraco, distorcido pela dor. "Tsc.. essa cara… não combina com você." Murmurou, a voz falhando. “Você é sempre tão calma.”

Você apertou a mão dele, os olhos fixos nos dele. Pela primeira vez desde que chegou àquele mundo, a sua máscara de frieza estava rachada. "Eu sou calma." Respondeu, a voz firme apesar das lágrimas que ameaçavam cair. “Mas não quando é você, né.”

Ele respirou com dificuldade, os olhos semiabertos, observando você. Mesmo à beira da morte, Chishiya ainda parecia analisar cada detalhe, cada emoção sua, como se gravasse aquele momento. "Você vai sobreviver… mesmo sem mim.” Sussurrou, tentando manter o deboche, mas o tom saiu carregado de sinceridade rara.

O mundo ao redor parecia desaparecer. Não havia jogo, não havia barulho, apenas vocês dois. Pela primeira vez, você sentiu o desespero real — não pelo Borderland, não pelos jogos, mas por ele. A única pessoa que tinha conseguido atravessar suas paredes e se tornar algo insubstituível.