♪When lights go down

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Norte da Suíça. Você bem a tempo conseguiu outro companheiro de apartamento. Duas semanas e precisaria mudar para alguma comuna onde o aluguel é mais barato, porém o salário consideravelmente menor. O novato enviou boas cartas de recomendação e o relato de que também é estrangeiro. Ele veio do mesmo país e mesma cidade. Seu conterrâneo.

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—Onde deixo as chaves?

A voz masculina perguntou lá da sala. E foi reconfortante escutar tão próximo o enlevo da língua materna.

—Deixa nesse vaso de planta perto do vestíbulo. —Você respondeu da cozinha.

—Esse com um cacto de plástico?

—Isso.

Você não pôde imediatamente cumprimentar Gaara porque a massa do mingau requer atenção especial. Ao menos ele parece o tipo que dispensa formalidades.

—Espere só um pouco, vou ajudá-lo a carregar as malas pro quarto.

—Não precisa.

A massa do mingau enfim alcançou textura consistente. Você baixou o fogo e colocou sua melhor expressão antes de entrar no cômodo adjacente. Gaara permanece na sala, de costas, observando a decoração. O cabelo dele é muito ginger.

—Oi.

O novato se virou. A sensação de deja vú te atravessou, seguida pelo reconhecimento. É o garoto trans do colégio. Vocês trocavam figurinhas e administravam um canal de tradução de músicas dos anos 80. Ele está tão diferente. Não é mais aquele nanico que usava binder, roupas largas e bandagens. Cresceu uns centímetros e atingiu o tamanho socialmente aceitável para seu gênero. Agora é um homem em todos os sentidos.

—Eu.. não sabia que era você.. Não associei o sobrenome, há tantos Sabakuno de ascendência japonesa.. Você era..

—Não pronuncie meu nome morto.

O timbre saiu perfurante. O kanji tatuado na testa confere um aspecto intimidatório. Gaara obviamente não perdoou sua recusa em ser par dele no baile de formatura. Porque não tinha relação com gostar de outra pessoa. Você o queria. Todavia, o receio decidiu o impasse. Qual seria a reação dos colegas de classe ao te apanharem dançando com o aluno trans? O que seus parentes diriam ao verem as fotos da festa? Nem a comunidade gay da instituição compreendeu Gaara naquela época. Todos debatiam se o ruivo era uma aberração ou somente alguém com graves problemas mentais.