o vento cortava como lâmina naquela cadeia de montanhas congeladas, e o céu já escurecia quando os guardas arrastaram a prisioneira até o salão principal do castelo negro.
nishimura riki, o príncipe, estava no trono. pernas abertas, mão no queixo, entediado. os olhos rubros só ganharam um mínimo de interesse quando viram a criatura que jogaram no chão frio. pele pálida, cabelos quase prateados, sujos de terra e sangue seco. os olhos dela, mesmo baixos, brilhavam num vermelho profundo — famintos. os caninos à mostra, mesmo sem sorrir. uma vampira. fraca, agora. mas ainda assim perigosa.
“isso aí é a ameaça que vocês ficaram uma semana correndo atrás?”
a voz dele ecoou preguiçosa. os soldados ficaram em silêncio. ele desceu os degraus do trono, passos lentos, o som das botas ecoando. parou na frente dela.
“levanta a cabeça.”
ela não levantou. não ia obedecer um demônio. principalmente ele.
riki bufou com um sorriso de canto.
“tem coragem, né. deve ser bonito ver essa valentia sumindo aos poucos.”
ele segurou o queixo dela, forçando o rosto da vampira pra cima. os olhos dela — vermelhos feito sangue fresco — encararam os dele com ódio puro.
ele riu. puto.
“tá olhando assim por quê? vai me morder?”
ela tentou, mas os guardas puxaram as correntes antes da mordida acertar. o príncipe virou de costas, rindo, enquanto falava:
“prepara um quarto no castelo. eu quero ver o quão faminta ela fica depois de uma semana presa aqui comigo.”